quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Crítica - Vingador do Futuro


Por Alex Constantino




Após um cataclismo químico, a população remanescente da Terra foi confinada nos poucos territórios ainda habitáveis. Num deles, foi criada a F.U.B – Federação Unida da Bretanha, onde se concentra a elite social e econômica dessa realidade, que é comandada pelo chanceler Cohaagen (Bryan Cranston).
No outro extremo do planeta se localiza a Colônia, onde vivem os menos abastados que, diariamente, utilizam a Queda - um elevador gigantesco que une os dois territórios numa viagem através do centro da Terra - para servir como força de trabalho nas indústrias da F.U.B.
Douglas Quaid (Colin Farrell) é um desses operários que, apesar de sua bela e amorosa esposa Lori (Kate Beckinsale), é um homem descontente com sua realidade e que tem a impressão de que não está vivendo a vida que deveria. Seu ressentimento se acentua com os constantes sonhos em que se encontra na companhia de uma misteriosa mulher vivenciando situações muito mais excitantes do que sua enfadonha rotina.
Para escapar de sua frustração Quaid procura a empresa Rekall, onde deseja implantar memórias de uma vida como superespião. Porém, quando o procedimento parece dar errado, ele se torna um homem procurado e acaba se envolvendo com membros de uma força rebelde que contesta a dominância da F.U.B., onde encontra Melina (Jessica Biel), a misteriosa mulher de seus sonhos.
Agora realidade e fantasia se misturam nesse thriller de ficção científica em que Quaid, enquanto tenta descobrir quem realmente é, enfrentará as forças da F.U.B., que pretende intensificar ainda mais sua supremacia.
Assim como na versão anterior, dirigida por Paul Verhoeven (Robocop, Tropas Estelares) e protagonizada por Arnold Schwarzenegger, a nova adaptação cinematográfica se distancia bastante do conto de Philip K. Dick, We can remember it for you wholesale (Lembramos para você a preço de atacado), mas difere da primeira porque deixa toda a ação na Terra (assim como o conto original), economizando o tempo que seria gasto para explicar a viagem a marte para se concentrar no  tema central que discute a condição humana e a própria natureza da realidade, embora sejam adotadas algumas opções mais literais que acabam esvaziando a força provocada pela dúvida do espectador se de fato o protagonista está vivenciando aquilo ou se é fruto do implante de memória.
Outro ponto de destaque vai para a criatividade na direção de arte que conseguiu criar uma visão de futuro que seja reconhecível diante de nossa realidade atual e que aponta para  uma versão perturbadora e possível.
Nota-se uma preocupação em distinguir visualmente os dois territórios, como se fossem mundos diferentes. Enquanto o tom estéril e de luminosidade asséptica da F.U.B. apresenta uma visão utópica,  o tom sépia e a constante chuva da amontoada Colônia reflete uma versão distópica daquele mesmo futuro, onde o último tem influências visuais inegáveis de Blade Runner.
Porém, a inclusão de algumas cenas icônicas  da versão anterior, como aquela do disfarce ou sobre a tentativa de convencimento de que o protagonista está numa fantasia, parecem que foram forçosamente incluídas para angariar um pouco mais de simpatia da audiência, já que suas novas roupagens são bem menos interessantes e impactantes do que as originais.
Outro ponto negativo fica para a motivação de vários personagens em que fica difícil de se convencer das razões que os fizeram tomar certas decisões ou agir da maneira apresentada, como é o caso da perseguição obstinada e raivosa de Lori ao protagonista ou  a justificativa bem clichê para os planos do vilão.
Existe ainda um subtexto a respeito do imperialismo que se evidencia na própria escolha dos nomes dos territórios, sua localização (um nas ilhas britânicas e o outro na Oceania) e a relação mantida entre eles, que reproduz quase literalmente o histórico colonialismo britânico.
Isso soa estranho quando se pensa que a ficção científica, geralmente utiliza a alegoria de um futuro distante para discutir questões presentes e não revisitar reminiscências históricas. Talvez seria mais interessante se essa alegoria fosse utilizada para discutir uma forma mais atual de dominância, como por exemplo, a  cultural.
Apesar disso, o filme é uma fonte interessante de entretenimento que agradará bastante aos fãs das cenas de ação.
ATUALIZAÇÃO: Aproveitando o lançamento do filme a Editora Aleph acabou de lançar o livro Realidades Adaptadas que reúne alguns contos do autor que foram adaptados ao cinema, incluindo o conto mencionado na crítica e que deu origem ao Vingador do Futuro. Vocês poderão conferir mais detalhes sobre a obra na página da editora clicando sobre o nome do livro.
[tabgroup][tab title="Ficha Técnica"]
Direção: Len Wiseman
Roteiro: Kurt Wimmer e Mark Bomback
Elenco: Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Bryan Cranston, Bokeem Woodbine, Bill Nighy, John Cho e outros.
Direção de Fotografia: Paul Cameron
Edição: Alexander Hall e Anne McCabe
Trilha Sonora: Harry Gregson-Williams
Duração: 118 min
País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Ficção Científica/Ação
Previsão de Lançamento: 17 de Agosto de 2012

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