domingo, 29 de maio de 2011

Ei Folclore, cadê você?



Saci, óxi, crack, psicóloga e Ziraldo? O que eles têm em comum?

Ziraldo: O do “Menino Maluquinho? Viu como você sabia? É um cara pra lá de conhecido, um cartunista muito prestigiado e respeitado.

Óxi: Droga feita da mistura da base da cocaína, querosene ou gasolina e permanganato de potássio, o que deixa a droga extremamente barata e os danos causados aos usuários é extremamente devastador.

Crack: Droga também feita da mistura da base de cocaína com bicabornato de sódio, quanto aos danos causados são devastadores, em escala um pouco menor que os causados pela droga citada acima.

Psicóloga, chamada Selma Rejane Setani, da Secretaria do Estado Saúde ajudou a fazer um panfleto com a intenção de informar os usuários de crack a diferença entre as duas drogas.

Saci, personagem do folclore brasileiro, também conhecido como Saci-Pererê normalmente representado por um negro jovem de uma só perna, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe confere poderes mágicos.

Depois de apresentá-los resumidamente, podemos perceber quê? De fato eles não têm nada a ver um com o outro, certo? Exceto as duas drogas óxi e crack. Foi justamente por conta delas que tudo começou. A chegada do óxi no Brasil levou as autoridades do país a ficarem atentas a sua disseminação. E tem sido cada vez mais preocupante pela rapidez que isso vem ocorrendo.Uma das preocupações é a semelhança que tem com o crack e por conta disso uma das ações é informar os usuários de crack sobre os perigos mais devastodores do óxi.

A Secretaria do Estado de Saúde fez um panfleto informando as diferenças entre as drogas. Para ilustrar queriam uma imagem. Qual imagem pensaram? Isso, Saci e colocaram ao lado a frase: "Nem tudo é o que parece...", explico, os usuários de crack se autodenominam “sacizeiros”, então segundo os criadores do panfleto seria uma ótima idéia então pegar a imagem do garoto de uma perna só. Onde conseguir uma imagem? Isso, google. Pegaram a tal imagem, só que ela tinha direitos autorais, pertencentes a quem? Bingo! Ziraldo. E é neste momento que vemos o que eles têm em comum.

O que acontece é que o agente do cartunista liberou o uso da imagem, só que não sabia para que tipo de panfleto era. Quando descobriu, pediu para que não fosse usado. E todos os mil panfletos que já estavam sendo distribuídos na “Cracolândia” (Lugar onde existe uma grande aglomeração de usuários da droga) no bairro do Brás em São Paulo, pararam de ser distribuídos.

Quando entrevistada a psicóloga disse que os panfletos não vão resolver o problema, mas que é um inicio. Tudo bem, entendo a intenção e que algo precisa realmente ser feito, mas me pareceu que tudo isso aconteceu na correria, se gastou dinheiro para fazer os panfletos para nada. Usou um grande nome como o do Ziraldo para nada.

Agora o que mais me indigna é associar a imagem do mito do Saci neste caso. Segundo o mito so século XVIII ou inicio do XIX do nosso folclore ele é uma divindade com sabedoria, com controle e manuseio de ervas medicinais, já que é dele o domínio das matas onde ele guarda suas ervas sagradas. Fora que ele é sempre representado como brincalhão, amigo das pessoas e animais. Enfim, um dos maiores mitos do nosso Folclore. Agora me diz qual é a relação com este panfleto?

Acredito que se deve agir com responsabilidade quando se faz uma apropriação como esta.

Talvez lembrar para não esquecer que temos um folclore! Que o seu dia é 22 de agosto e que dia 31 de Outubro aqui no Brasil é dia do Saci.

Um pouco de cuidado com as coisas nunca é demais!Cuidado para que as coisas não entrem num buraco, aquele que acaba o mundo, sabe?

Encerro o texto cantando para não esquecer:


Hoje é domingo
Pé de cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo.”


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lei da Física (Revisitado)





A vontade era mandar todo mundo calar a boca e mais. O calor insuportável. O aperto era acompanhado por bolsadas, por cabeladas secas e fedidas ou então, molhadas e cheirosas, o que não ameniza o incômodo.
A rua era uma ladeira, os corpos balançavam, não, os corpos eram arremessados de um lado para o outro, para cima e para baixo, claro que não muito, devido a lei da física que diz: que quatro corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, sim, eu disse quatro corpos no mesmo espaço, e não queiram discutir quanto a isso comigo, pois quem pega ônibus sabe do que estou falando.
O meu nervosismo ia aumentando a cada quadra, nesta altura estava com a cara infurnada nas costas do rapaz suado e de camisa branca, vale dizer que ele estava em cima dos meus pés, devo relatar que o meu corpo de mais ou menos um 1,70m não estava mais agüentando, atrás de mim havia uma bolsa acompanhada de sua amiga sacola que empurravam as minhas costela cada vez mais para frente.
O pior ainda estava por vir, eu tinha que sair dali, eu tinha. Esbocei pedir licença para o rapaz da camisa branca, só esbocei, pois a olhada que recebi não foi das melhores, reduzindo o meu tamanho pelo menos duas vezes, então notei que não conseguiria passar.
Sem esperança, desolado no meu minúsculo espaço, vi surgir uma alma caridosa vestida de humildade levantar do seu banco e com seus anos já vividos, sem abrir a boca, colocou seu idoso braço a frente e como a mais mal - educada das pessoas empurrou a moça da frente para cima do rapaz e ficou posicionada pelo menos quatro passos a minha frente, uma boa vantagem.
Apareceu nesta hora a luz no fim do túnel, eu vi a oportunidade, me esquivei o máximo que pude e fiquei logo atrás da senhora mal - educada.
Isso foi bem na hora de sair do ônibus e ficar no ponto lotado e esperar outro.
Deve-se ressaltar os injustificados aumentos da passagem do ônibus na cidade e que eu havia esperado pelo menos cinco ônibus passarem para pegar este nestas condições e o pior de tudo, é que considero uma falta de educação terrível o que a mulher fez, porém era necessário para ela sair da condução que a levava para o trabalho ou qualquer lugar que seja. Agora a falta de educação maior, a falta de respeito, a falta de um monte de coisa eu sei de quem é, você também sabe, se não sabe é só lembrar do barulhinho da urna eletrônica.


Texto original de 2006, já a foto é pouco mais antiga e a situação, infelizmente segue a mesma faz tempo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Um espelho por favor! (Revisitado)


Assim segue a humanidade... Sabe-se lá se seguirá... para onde seguirá, de fato eu não sei quantos anos se terá, nem mesmo quantos anos terei. A morte é certa. Para todos! Mas para todos?
É e ponto.


Pensa um pouquinho.Sobrevivência.
Em quantas árvores você já dormiu? Eu não dormi em nenhuma. Forçada herança, abençoado e forçado legado do homem.
Ora pois, arranha-céu, prédio, casa, barraco, asfalto, barro, mato, planalto, homem, sobrevivência.
Um pouco mais de milhares de anos atrás se lutava pela sobrevivência, restos de animais mortos por grandes predadores(pensamento voa longe),se comia o que dava, quebraram uma pedra fizeram uma lâmina, se pôde comer melhor, pôde cortar a carne, depois pôde caçar, pôde construir coisas com ferramentas, depois a roupa de pele de animal, teve o fogo, construções por sobrevivência...
Alguém já viu um macaco se protegendo da chuva com uma grande folha de bananeira? E riu?
Ah...faríamos e fizemos igual.
Voltemos ao fogo, raios, sobrivência, a espécie que se adapta é a melhor, onde está o Elo?
Vai saber, a questão que surge e ressurge é: Existe espécie melhor?







Do que os macacos te chamam? E os gatinhos da sua casa o que eles pensam de você? Qual é o nome que o seu fiel cachorro te deu na língua dele? Será que ele não está tirando um barato da sua cara com os amigos dele, toda vez que você o leva para passear?
Dúvidas e dúvidas ou bobeiras?
Filosofia?
Os homens são movidos por sobrevivência e curiosidade.
Palavras que não cabem em muitos espaços criados por alguns homens, espécie contraditória e egoísta.
Sim, tenho muitas ressalvas a esta espécie e a amo tanto!
Das qualidades, espero que algumas se sobressaiam e se consiga graças a elas escapar deste caos de desrespeito e angústia que se pode ver em cada esquina e mesmo em lugares sem esquina alguma.
Enquanto a idéia de superioridade assolar o pensamento homo-sapiens-sapiens, não se verá que somos também animais por assim dizer, e tão necessitados de um mesmo espaço,de um mesmo planeta para se viver.

Ah, humanidade! Meu reino, digo meu texto por um espelho !



"Não é mera coincidência