domingo, 26 de junho de 2011

Ei Dignidade, cadê você?


Diziam que a vista da chegada ao Rio de Janeiro de um avião é uma das coisas mais lindas de se ver e quando Charles olhou pela janela do avião ele pôde comprovar e se extasiar com tamanha beleza.

Carlos acordou e ao chegar na sala improvisada da sua casa, viu seu pai ajoelhado em cima do colchão fino chorando, rezando e pedindo ajuda a Deus.

Rezar não fazia parte da rotina de Charles, mas a visita ao Cristo Redentor da cidade maravilhosa era indispensável, não se podia na opinião dele sair de Paris para ir ao Rio sem conhecer o Cristo Redentor, ir ao Maracanã,  tomar caipirinha e comer feijoada.

Dois pães, café ralo e estômago roncando era a rotina da família de Carlos.

Uma amiga de Charles pede Feijoada e caipirinha. Eles conversam sobre cinema, sobre Lula e futebol e com felicidade e bem alimentados saem do restaurante.

Nesta altura Carlos já tinha vendido algumas balas no farol e caminha embaixo dos Arcos da Lapa.

Fotos e mais fotos este era Charles em pé dentro do bonde dos Arcos da Lapa, se portando como um verdadeiro turista.

Carlos caminha pensativo quase desolado.

O bonde estava lotado e Charles combinava a ida ao Cristo.

Carlos pela primeira vez rezou como o pai.

Mais uma foto da amiga, era a última, ele se afastou para pegar o melhor ângulo, veio um solavanco, um tropeço, um desequilíbrio e Charles só parou depois de cair 15 metros.

Caiu em frente ao Carlos.

Silêncio.

Charles pede ajuda ao seu xará de nome em português.

Carlos não entende uma palavra dita em francês.

Silêncio, dúvida e dor.

Charles tenta resistir e agoniza.

Carlos imóvel, agradece a Deus, pega a carteira do francês já que ele não vai usar mais, decide que será fotógrafo e sai com a câmera pendurada no pescoço.

Charles morre com gosto de caipirinha e feijoada na boca.

Não foi assim e eu não tenho a mínima idéia de como foi.

O fato: Um francês chamado Charles morreu ao cair do bonde dos Arcos da Lapa, agonizou e na sua agonia derradeira  triste e lamentavelmente foi roubado. Como segue na notícia..

domingo, 19 de junho de 2011

Você pararia em hotelzinho de beira de estrada e tomaria um banho?




Você pararia em um hotelzinho de beira de estrada e tomaria um banho?

Sei, você não tem medo de hotéis de beira de estrada. Ok. Ótimo.Agora e se eu perguntasse um pouco diferente, que tal assim? 

Você pararia no hotel Bates para tomar uma banho, sabendo que Norman Bates é o gerente do hotel? Ainda sim você não tem medo. Ok.  Quem é este tal de Norman Bates?

Peço então um favor, assista este trailer de um filme da década de 60.





Você provavelmente ainda não tem medo. Aliás porquê você teria medo de um gordinho simpático falando inglês sobre um filme da década de 60. E ainda em preto e branco, que coisa chata já que não tem efeito especial nenhum. Que absurdo!

Então vamos lá, este  gordinho simpático foi, é e sempre será para qualquer um que goste ou trabalhe com cinema uma referência, já que ele foi, diretor, roteirista, produtor e ator, um verdadeiro homem do cinema, o nome dele? Alfred Hitchcock se é que você nunca escutou falar dele.(Tenho quase certeza que você o conhece)

O trailer que coloquei é de um filme marcante chamado “Psicose” e que tem uma das cenas mais importantes da história cinematográfica, a famosa, cena do chuveiro.
Psicose” é um dos grandes filmes da safra Hitchcockiana, por inúmeras razões, por seu roteiro ousado escrito por Joseph Stefano, pela certeira direção e também pela maravilhosa campanha de marketing.


Claro que ele fez outro filmes, grandes filmes, como Lifeboat ( Um Barco e Nove Destinos), Rope ( Festim Diabólico), Vertigo ( Um Corpo Que Cai), The birds (Os Pássaros) e tantos outros, com certeza, voltarei ao Mestre do Suspense várias vezes quando falar de cinema.

Uma curiosidade interessante do Hitchcock é que ele gostava de aparecer nos seus filmes e isso foi tão marcante que muitos fãs iam ao cinema apenas para procurar o diretor.

Falando em curiosidades gostaria de de citar algumas sobre o filme Psicose:
O filme custou 800 mil dólares e faturou 50 milhões de dólares de bilheterias no mundo inteiro.

O chuveiro que se vê filmado de baixo para cima na realidade tinha  dois metros de diâmetro, para que a câmera pudesse captar os jatos d'água com maior intensidade.

A cena do chuveiro demorou sete dias para ser completamente filmada, e utilizou 70 diferentes posições de câmera para ser gravada.

Hitchcock recebeu uma carta certa vez, de um pai enfurecido, dizendo que sua filha apavorada, recusava-se a entrar no chuveiro, após ver o filme. Hitchcock respondeu à carta, sugerindo ao pai a levasse para uma lavagem a seco.

Também é o primeiro filme da história do cinema americano a focalizar um vaso sanitário dando descarga, o que era considerado de mau gosto, na época.

O filme teve três sequências: Psicose 2 foi lançada em 1983, Psicose 3 em 1986, e o capítulo final foi lançado em 1990. Houve também um especial chamado Bates Motel em no ano de 1987 e uma refilmagem em 1998 dirigido por Gus Van Sant que foi como uma homenagem ao grande Hitchcock.
Agora de nada adianta as curiosidades que citei se você não assistir o filme.

Espero que tenha deixado você não que não assistiu com vontade de ver e aquele que já viu com vontade de rever este clássico do cinema.

Aliás, procure onde aparece o senhor Hitchcock neste filme e me diga.

Filme:  Psyco (Psicose)
Ano:    1960
Direção: Alfred Hitchcock
Elenco: Janet Leigh
            Anthony Perkins
            Vera Miles
            John Gavin
            Martin Balsam
Gênero: Suspense/Terror

domingo, 12 de junho de 2011

Salvem os Esquisitos da Extinção!



Significado de Esquisito
Adj. Não usual, fora do comum
raro, delicioso. excelente
Bem-acabado, primoroso.
Fam. Extravagante, singular,excêntrico.
Bisonho, rabugento, impertinente.
Bras. Feio, mal vestido;
S.m Bras. Lugar ermo, deserto.


Tenho reparado cada vez mais nos esquisitos já que eles são tão poucos hoje em dia. Por isso venho aqui fazer uma campanha: Por favor os salvem da extinção!

Quem de vocês nunca reparou naquela criança quieta prestando atenção numa sala de aula. Normalmente ela fica tão atenta que difícimente pisca, outro sintoma é sempre anotar algo em seu caderno. (Caderno: Material usado justamente para anotações e não para desenho ou munição para bolinhas de papel) e o sintoma talvez mais estranho é que enquanto os professores falam, as vezes ela sorri, entendendo a piada feita pelo mestre. Coisa rara, raríssima. Salve a criança esquisita!

Quem de vocês nunca reparou naquele cara calado da sua sala na faculdade. Quem nunca colou dele na prova mais difícil do semestre, indo nesta linha, quem não quis participar do grupo dele nas apresentações. Porém, contudo, todavia e entretanto quem não tirou sarro do corte de cabelo dele, das roupas e do jeito que ele fala. Salve o cara calado e estudioso da faculdade!

Tem também as pessoas que conversam sobre qualquer tipo de assunto, vocês podem ter cruzado com elas em algum momento da sua vida. Isso! São aquelas que entendem desde Nietszche a Chico Buarque.São aquelas que conversam sobre política sem gritar e brigar, são aquelas que na maioria das vezes não possuem nenhum tipo de pré-conceitos. E uma das características mais marcantes delas e que incomoda muita gente. Pasmem: Elas não julgam. Salve essas pesssoas!

Tem aqueles que gostam de cinema, literatura, boa música, de bons amigos, bons bate-papos em bares tranquilos da cidade. Mas é melhor não falar destes esquisitos, já que eles afetam diretamente o funcionamento da sociedade brasileira.

Todos estes tipos de esquisitos que citei têm como uma das principais características hoje a raridadade em serem vistos, apesar de tudo que falei. A dificuldade é ainda maior em alguns lugares, eu chegaria até a arriscar que estão já extintos em alguns ambientes.

Por isso proponho a campanha: Salvem os esquisitos da extinção! Apesar de saber que não será muito aceita e tão pouco divulgada nas redes sociais como deveria, afinal de contas os esquisitos não são bem vistos nos moldes do mundo atual.

A proposta não é mais que uma vontade para que os esquisitos se reproduzam por ai. Chego então até a ousar em propor uma sugestão: Que eles sejam reproduzidos em etapas e em dois tipos de cativeiros. O primeiro numa casa junto a uma família, de preferência a família do tal indivíduo, família esta, que acompanhará sempre o desenvolvimento e produção do futuro esquisito, mesmo depois da segunda etapa, que se chama escola com uma passagem pela faculdade.

Bem, está lançada a campanha. A pergunta que não quer calar é: Será que alguém vai aderir?


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Marcha dos Famintos

Foto Folha de São Paulo


Acaba de nos chegar a informação de que existe uma manifestação na rua da Consolação, vamos saber mais informações com a repórter Sandra Lee.


“Bom dia Ana, até o momento ainda não sabemos ao certo qual é o real motivo da manifestação. Agora, digo que é chocante a imagem que temos nas duas faixas aqui da rua da Consolação, temos cerca de 200 pessoas, entre elas muitas pessoas magras, sujas, doentes. Poderia até mesmo dizer que os moradores de rua e doentes da cidade decidiram fazer uma manifestação, se não fosse por algumas bem vestidas e alimentadas que se encontram no meio deles”


Sandra, acabo de receber a informação que está ocorrendo também uma manifestação próximo ao Centro cultural São Paulo e pelo que recebo de informação, são as mesmas condições. Sandra, Sandra... Bem perdemos o contato com a nossa repórter, em breve novas notícias sobre esta manifestação na rua da Consolação e na rua Vergueiro.

Segundo os meteorologistas, hoje o dia será quente, poderemos atingir os 38 ° na capital paulista e 41° em Ribeirão Preto....O ator João Pedro casará neste fim de semana....mais um acordo bilionário é assinado pelos acionistas da...Voltamos a ter contato com a Sandra. Sandra?


“Oi Ana, a manifestação cresceu bastante a policia aumentou o seu efetivo. Os que estavam na região da rua Vergueiro já se encontraram com os outros manifestantes da rua da Consolação mais interessante é que eles carregam apenas uma folha de caderno, de papel sulfite nas mãos...agora eles pararam na porta do cemitério e começa uma confusão por aqui. A rua já está fechada nos dois sentidos e o transito fica muito complicado. A policia começa a intervir, as pessoas não se mexem, os policiais estão tentando prender algumas pessoas, mas outras ocupam os seus lugares, todos os manifestantes começam a ler alguma coisa na folha que carregavam, vamos escutar:”

Nós que esmolamos comer,
Que suplicamos sentir,
Clamamos saber,
Rogamos acreditar,
Imploramos amar,
Que mendigamos viver...
Avisamos!

Os policias partem para a agressão física, jogam bombas de gás...alguns manifestantes caem e outros continuam....

Não que você seja nosso amigo,
mas quem sabe perceba o tamanho do desastre,
o volume da asneira
que vai acontecer contigo.
Cenas horríveis, cenas horríveis....
Aquele que morre por último
já encomendou a missa de sétimo dia!
Vocês que plantaram a fome,
Prescreveram a doença,
Lecionaram a ignorância,
Que pregaram a descrença,
Impuseram o ódio e
Pariram a morte,
Saibam!
Já que Deus morreu,
O Estado faliu
E a Ciência se esqueceu...
Não tem quem me segure!

Muitos estão bem feridos, sobram poucos manifestantes do inicio e
por incrível que pareça está cada vez chegando mais gente, que assim que chegam assumem o lugar de quem foi preso ou de quem está caído, e não há nenhuma reação agressiva, não sei se por idealismo ou por falta de força. Chega a tropa de choque, está uma tremenda confusão....


Ana... Ana? Aqui virou uma praça de guerra a porta de entrada do cemitério da Consolação e no meio disso eu consegui pegar com um manifestante que está bastante magro e ferido e enquanto pegava a folha ele me disse que o que eles estão lendo é um texto escrito pela Marcha dos Famintos e que termina da seguinte maneira

É o seu olho no meu dente!
Dor com dor se paga.
E sua dívida é extrema
Já acabou a virtude do paciente,
Vê se aprende a ser gente!

Cerca de 200 pessoas foram presas, por volta de 100 foram hospitalizadas e sem revidar nenhum momento....Sandra Lee do cemitério.

O texto em itálico é de Fábio Correia da Silva

domingo, 5 de junho de 2011

Ei EDUCAÇÃO, cadê você?


Educação
s. f.

1. Conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito.
2. Conhecimento e prática dos usos da gente fina.
3. Instrução, polidez, cortesia.


Educar
v.tr

1. Dar educação.
2. Criar e adestrar (animais)
3. Cultivar (plantas)
v.pron.
4. Adquirir os dotes físicos, morais e intelectuais que dá a educação.


Ana Flávia tem as bochechas mais gostosas do mundo, segundo sua mãe. Ela também tem 6 anos de idade, um uniforme passado em cima da cama e se prepara para o seu segundo dia na escola nova. A professora segundo ela é bonita e muito boazinha com os alunos...

Ele é branquinho, muito bem arrumadinho, é o tesouro da sua mãe. Ele também adora sair correndo quando não pode, morder chinelo e não obedecer ninguém quando passa um carro ou gente no portão. O nome dele é Tobi...

Ela. Ela é só papéis, papéis às pilhas e cafés aos litros. Afinal de contas as provas do 2°bimestres são muito importantes. Ela também é madrugada e solitária e quem coloca todos na cama, filhos e marido...

Amanhece. Os café na mesas e no potinho que está escrito Tobi. O menu é um pouco diferente para cada um, é claro. Porém, o horário de sair é igual.

O sol no rosto apenas realça a alegria rumo à escola. As mãos entrelaçadas todo o momento. A confiança e o cuidado as acompanha e Tobi ao lado. A escola chega e as mãos se soltam e cada uma vai para sua sala.

Na escola Ela é só avental e giz, conhecimento e sorrisos, atenção e cuidado, mãe e paixão pelo que faz.

Bochechas bem rosadas, cadernos impecáveis, uma das mais organizadas carteira da sala, ávida por aprender, preocupada em não decepcionar, amiga e alegre, uma das mais felizes da turma, esta é Ana Flavia.

Espera.Este é Tobi em frente ao portão da escola.

Sinal soa. Intervalo chega, com ele a raiva, o desespero, o julgamento desnecessário, a falta de controle. Tudo isso untado com falta de respeito neste caso representado por uma  Mãe de um aluno.

Ela como sempre sorri pelo corredor.

A Mãe de um aluno passa voando pelo corredor, mas chega atrasada em relação a raiva, esmurra a professora que cai e apanha sem saber o porquê.

Ana Flavia é bochecha pálida, é choro desesperado, e o susto espalha seu material pelo chão.

A tal mãe de aluno sai com com ar de superioridade puxando pelo braço o seu filho orfão de referência, e modelo.

Ela é socorrida. Ana Flavia chega ao seu lado, segura sua mão e com a mãe fica entrelaçada próximo ao chão até a ambulância chegar.

Tobi sentado ainda é espera e também esperança para que elas saiam da escola como sempre.

E eu,  já não me surpreendo com a notícia. Não mais. Apenas sempre, sempre me indigno com a falta de respeito, de bom senso de quem quer que seja que faça uma coisa dessas com uma professora.

Respeito por quem educa é básico tal como água e ar. Todos tivemos e teremos referências na vida. Tenho certeza que em tais momentos, pelo menos em um é, foi, será um professor.

*Texto feito após saber que mais uma professora foi agredida em uma escola.