sexta-feira, 30 de março de 2012

Crítica - Heleno




Quem foi Heleno de Freitas?

Um jogador de futebol temperamental? Dizem que sim.

Um boêmio? Dizem que sim.

Um gênio? Dizem que sim.

Este fim de semana entra em cartaz o filme sobre ele, que conta a trajetória deste brasileiro. Heleno de Freitas, talvez um dos primeiros "jogador-celebridade", "craque-problema" como chamamos, isso em uma época bem diferente da que estamos vivendo hoje.

Muitas vezes quando vamos aos cinemas não fazemos a minima ideia do esforço que toda equipe de produção teve até chegar aquele momento. Quando se fala em cinema no Brasil pode multiplicar por oito este esforço.

Heleno o nosso filme em questão levou 8 anos de produção até ficar pronto. Foram anos de luta, de capitação de recursos e esforços de todos os lados. Isso fica claro quando vemos praticamente um curta metragem de apresentação dos patrocinadores e apoiadores a este grande filme do atual cinema nacional.Vocês podem achar estranho, já que Rodrigo Santoro está no elenco. Claro que isso ajuda mas não resolve todos os problemas. A questão é: Fazer cinema no Brasil não é fácil!


Agora quando você entrar na sala de cinema e vir o primeiro frame, você perceberá o que é paixão de uma equipe em realizar um trabalho. Verá que a escolha do filme ser em Preto e Branco foi perfeita, parece nos proporcionar caminhar por um Rio de Janeiro da década de 40 e 50. É realmente um trabalho fantástico da equipe de fotografia, direção de arte e figurino que se embasando em um roteiro muito bom, escrito por José Henrique Fonseca, Felipe Bragança, Fernando Castets  que possibilita trabalhar com todos estes elementos. Um excelente trabalho comandado por José Henrique Fonseca (Mandrake da HBO e o Homem do Ano)

Sobre Rodrigo Santoro, o que dizer?

Grandes personagens precisam ser vividos por grandes atores e a escolha por Santoro foi perfeita. ele mergulhou no projeto que é preciso que seja feito para dar vida a este mito do futebol brasileiro. E a interpretação feita por Rodrigo é incrível seja no momento de galã de familia rica, dentro de campo e melhor ainda no momento em que Heleno sofre com a sífilis


Durante a coletiva para imprensa ele contou alguns detalhes de seu trabalho, como por exemplo ter sido treinado para as cenas de campo ex-jogador de futebol Claudio Adão para dar mais veracidade e convencimento. Falou sobre perder 11 quilos para uma interpretação da fase de sífilis de Heleno.
Agora o que ele não revelou é como ele fez este excelente trabalho, quase perfeito de dar vida ao irreverente jogador do Botafogo, personificar este mito da história do futebol brasileiro é digno de aplauso, um excelente trabalho de Santoro. Uma das melhores, se não a melhor interpretação de sua carreira. Algo que você só entenderá vendo.

Vale ressaltar a interpretação muito boa de Angie Cepeda e Mauricio Tizumba.

O filme não é sobre futebol, o filme é sobre um homem e suas escolhas. E a equipe de Heleno mesmo com todas as dificuldades nos conta isso de maneira linda. O filme é uma linda poesia. Sem dúvida um dos  melhores filmes do ano até agora.

Quem foi Heleno de Freitas?

Vá ao cinema e descubra.



Diretor: José Henrique Fonseca
Roteiro: José Henrique Fonseca, Felipe Bragança, Fernando Castets
Elenco: Rodrigo Santoro, Alinne Moraes, Othon Bastos, Herson Capri, Angie Cepeda, Erom Cordeiro, Orã Figueiredo, Henrique Juliano, Duda Ribeiro
Produção: José Henrique Fonseca, Eduardo Pop, Rodrigo Teixeira, Rodrigo Santoro
Fotografia: Walter Carvalho
Ano: 2010
Duração: 116 min
País: Brasil
Gênero: Drama
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Downtown Filmes
Classificação: 14 anos


Uma curiosidade: Nas palavras do próprio Rodrigo Santoro emocionado sobre Tizumba com quem gravou as cenas de Heleno debilitado por conta sífilis:

"Tizumba é um grande artista mineiro, um ser humano incrível. Toca, canta, compõe, é poeta, filósofo... até cachaça ele faz", elogiou "Ele foi um alimento incrível. Foi muito natural e foi tocante a nossa relação desde o começo. Ele veio com um amor, um carinho e a gente nem se conhecia. No primeiro contato, ele me olhou, me deu um abraço. Senti tanto calor, tanto amor e pensei: é o cara que vai cuidar de mim", emendou. "Tive que me segurar na gravação das últimas cenas"

quarta-feira, 21 de março de 2012

Crítica - Projeto X




Quando escutei falar do filme Projeto X que entrou em cartaz nos cinemas no último fim de semana, confesso que não me chamou atenção.

Depois escutei falar também que ainda este ano chega aos cinemas "American Pie - O Reencontro" para findar a série adolescente que fez sucesso no final da década de 90. Então pensei que como vi "American Pie" por que não ver este novo Projeto X, já que os dois tratam da mesma coisa, adolescentes.

Foi quando recebi o convite da Warner Bros para ver o filme.Conversando com alguns jornalistas antes da sessão,  respondia que não conhecia muito sobre o filme e que estava esperando para ver no que ia dar.



O filme começou. Passaram dez minutos, vinte, quarenta, risadas aqui e ali e o que mais tinha era: Ai..ops...reações instantâneas a um tanto de coisas absurdas que aconteciam no filme. Depois dos quarenta e poucos minutos...

Todo (ou quase todo) adolescente tem o desejo de ser o popular da escola, ficar com a garota(o) mais bonita, além de carregar o ano inteiro o título de ter feito a melhor festa do ano. É justamente sobre isso Projeto X, popularidade. Costa (Oliver Cooper) é um adolescente que quer transformar a festa de aniversário do tímido Thomas (Thomas Mann, vejam só é o mesmo nome do grande romancista alemão* ) em "A Festa do ano" e para isso ele conta com a ajuda do amigo JB (Jonathan Daniel Brown) que é o amigo gordo que a maioria dos filmes adolescentes na linha de Porky's (filmes de comédia adolescente da década de 80) tem. Com o objetivo de ser popular em mente, eles não medem os riscos, quando digo isso, entendam que eles não medem os riscos ao quadrado.


Desde os preparativos até a festa em si, temos uma comédia adolescente com todas as peripécias que cabem a ela, até os quarenta minutos, como falei antes, é isso que temos. Logo depois é um turbilhão de eventos que caracteriza a geração adolescente atual. O que já é também uma característica de Todd Phillips diretor de Se beber não case I e II que é produtor de Projeto X.




O que eu não sei é: Me incomodei com o filme porque talvez esteja ficando velho e o fato de muitos adolescentes juntos transtornados com os efeitos do uso de álcool e drogas desmedidos, não me diverte ou se o filme é realmente bom e nos apresenta uma crítica a sociedade e eu não percebi?

Assista e me diga o que você acha.



Projeto X


Diretor: Nima Nourizadeh
Roteiro: Matt Drake, Michael Bacall
Produção: Todd Phillips
Produtores Executivos: Scott Budnick, Alex Heineman e Marty P. Ewing
Elenco: Thomas Mann, Oliver Cooper, Jonathan Daniel Brown, Nichole Bloom, Dax Flame,Miles Teller, Sam Lant, Martin Klebba.
Fotografia: Ken Seng
Editor: Jeff Groth
Diretor de Arte: Bill Brzeski
figurinista: Alison McCosh
Duração: 88 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Warner Bros.
Classificação: 18 anos


 *Thomas Mann é o nome de um grande romancista do século XX premiado com o prêmio Nobel de Literatura em 1929 pelo livro Buddenbrooks, entre outras obras podemos encontrar "A montanha Mágica" e "A Morte em Veneza".

domingo, 11 de março de 2012

Crítica - Guerra é Guerra

Divulgação Fox Brasil


Tuck interpretado por Tom Hardy (A Origem e Guerreiro) e FDR, Chris Pine (Star Treck) são dois dos melhores agentes da CIA e parceiros. Talvez a fórmula para este sucesso seja a excelente amizade dos dois personagens, como podemos ver logo na primeira cena do longa.,



Filme vai, filme vem, e FDR um garanhão por onde passa, incentiva Tuck a sair e se divertir. Seguindo o conselho do seu amigo, ele conhece Lauren, a personagem de Reese Witherspoon (vencedora do Oscar por Johnny e June), uma avaliadora de produtos que sofre com o fim do namoro. Ela conta com o apoio de sua amiga Trish (Chelsea Handler) que não aguentado mais vê-la tão triste, a inscreve em um site de relacionamentos.
Seguindo o conselho dos amigos tanto Lauren como Tuck começam a gostar da brincadeira. O problema é que ao mesmo tempo e sem saber um do outro, FDR conhece Lauren! A confusão está armada. Agora os dois amigos e espiões usarão de todos os recursos para conquistar a garota e ainda concluir uma importante missão contra Heinrich, personagem  de Til Schwiger, roteirista, diretor e produtor alemão que ficou conhecido por sua participação marcante como Sangento Hugo Stiglitz no excelente Bastardos Inglórios de Tarantino.




A partir daí o filme se foca na disputa dos dois e em quem conquista a mocinha e na dúvida de Lauren em quem escolher, o que proporciona divertidas cenas de explosões e romance. Guerra é Guerra é uma comédia romântica feita para agradar gregos e romanos, homens e mulheres, corinthianos e palmeirenses, não tanto os dois últimos.

A direção fica por conta de McG o mesmo de As Panteras, com roteiro de Timothy Dowling (Esposa de mentirinha), Marcus Gautesen e Simon Kinberg (Sr e Sra Smith e Sherlock Holmes) e a produção conta com Will Smith, entre outros.


Não é meu gênero preferido, mas se você quiser e gosta de um filme para namorar e se divertir pode ir tranquilo.


Guerra é Guerra

Diretor: McG
Roteiro: Timothy Dowling, Marcus Gautesen e Simon Kinberg
Elenco: Reese Witherspoon, Chris Pine, Tom Hardy, Til Schwiger e Chelsea Handler.
Produção: Robert Simonds, James Lassiter, Will Smith.
Produção Executiva: Michael Green, Jeffrey Evan Kwatinetz eBrent O'Connor
Planejador de Produção: Martin Laing
Diretor e Fotografia: Russell Carpenter.

Crítica - Habemus Papam





Itália aproximadamente 60 milhões de pessoas. Deste número mais de 85 % identificam-se como católicos, embora o número de praticantes seja bem menor que os oitenta e tantos porcento. No meio da bota existe um pontinho que é na verdade um dos países mais ricos do mundo, sede da igreja católica, 100% católicos, claro, estou falando do Vaticano.

Alguns anos atrás, com a morte de João Paulo II, pudemos  acompanhar um conclave para a eleição de um novo sumo pontífice, mais conhecido como Papa. De fato pudemos aguardar como a multidão na praça São Paolo e o mundo a tal fumaça branca anunciar que o novo líder da igreja católica fora escolhido.
Este é o assunto do novo filme do diretor e roteirista Nani Moretti ( O Quarto do filho). Ele mostra como os cardeais se sentem perante a eleição de seu novo líder, quais são suas responsabilidades, o que pensam e como reagem a cada momento enquanto todos esperam.



Uma sucessão de eventos acontecem até culminar em um ataque de pânico  do novo escolhido. Ato que leva os assessores do Vaticano buscarem um renomado professor de psicologia para ajudar na situação. O problema é que o professor é ateu. Este elemento estranho e as descobertas que fazemos sobre os cardeais conduzem esta boa comédia dramática.



Moretti e os outros roteirista Francesco Piccolo e Frederica Pontremoli optam em trabalhar um tema polêmico de uma maneira humanizada em um roteiro nada usual, nos deixando cada vez mais curiosos para saber o que vai acontecer. Tudo isso recheado de ótimas atuações, a se destacar a atuação de Michel Piccoli. Além de ótimas imagens do Vaticano.
É um filme inteligente, que te provoca e faz pensar..




Habemus Papam

País: Itália/ França
Diretor: Nanni Moretti
Elenco: Michel Piccoli, Nanni Moretti, Renato Scarpa, Jerzy Stuhr, Franco Graziosi, Margherita Buy, , Leonardo Della Bianca
Produção: Jean Labadie, Nanni Moretti, Domenico Procacci
Roteiro: Nanni Moretti, Francesco Piccolo, Federica Pontremoli
Trilha Sonora: Franco Piersanti
Fotografia: Alessandro Pesci
Duração: 102 min.
Ano: 2011
Gênero: Comédia Dramática
Cor: Colorido
Distribuidora: Vinny Filmes

quarta-feira, 7 de março de 2012

Crítica - Poder sem limites

Divulgação - Fox Brasil


Digam o que disserem a adolescência é uma fase muito complicada. Todas as descobertas ao mesmo tempo, timidez a flor da pele, desejos por todos os lados, festas.

Neste universo conturbado e difícil que conhecemos Andrew (Dane Dehann), um garoto tímido que todos os dias enfrenta os seus medos, angústias e desejos. Um caminho encontrado por ele para enfrentar essa coisa toda é filmar tudo o que acontece a sua volta.

É aí que a câmera entra no filme e através dela conhecemos o seu primo Matt (Alex Russell) quem busca incluir Andrew no mundo real e que de tanto insistir, consegue convencê-lo a ir a uma festa. Lugar onde ele conhece Steve (Michael B.Jordan), um dos mais populares da escola.



Depois de se conhecerem o filme gira em torno das descobertas destes três jovens, afinal de contas não podia ser diferente, eles inexplicavelmente desenvolvem super poderes. A partir daí temos excelentes imagens e podemos acompanhar as diferentes interpretações do que fazer com os poderes recebidos.



Josh Trank do curta experimental "Stabbing at Leias's 22nd Birthday" que teve mais de 10 milhões de visualizações, estréia na direção de longas e faz um trabalho seguramente ousado, com ótimas escolhas de cena e com uma boa direção de elenco, principalmente pelo trabalho realizado com Dane DeHaan que faz um bom trabalho.



Josh Trank 

Josh também é autor ao lado de Max Landis que assina o roteiro, Landis apesar da pouca idade já elaborou inúmeros roteiros e fez um trabalho razoável em Poder Sem Limites. Apenas como nota de curiosidade, Max Landis é filho do diretor John Landis do cultuado filme "Um Lobisomem americano em Londres".



O filme é curto. Tem apenas 83 minutos, o que chega a me dar impressão que foi um curta metragem esticado. Talvez justamente pelo curto tempo os personagens não foram tão bem trabalhados como se percebe que Trank e Landis poderiam ter feito. Não chega ao joelho do Tetsuo personagem que também desenvolve poderes no cultuado Akira de Katsuhiro Otomo na década de 80, como alguns vem comparando. Para quem não conhece recomendo que assistam para entenderem sobre o que estou falando.




No final das contas é um filme que poderia ter dado mais certo se o roteiro tivesse se focado mais na estória  dos adolescentes e não somente agradar os adolescentes. É uma pena, já que as cenas onde os poderes são mostrados são mais sóbrias que muitos filmes que vemos por aí. No final faltou um pouco de equilíbrio para os jovens Trank e Landis.


Poder sem Limites

Direção: Josh Trank
Roteiro: Max Landis
Elenco: Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly e Asheley Hinshaw.
Produtores: John Davis, Adam Schroeder.
Produtor Executivo: James Dodson
Diretor de Fotografia: Matthew Jensen
Editor: Elliot Greenberg.