quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Crítica - O Hobbit - Uma Jornada Inesperada

Por Alex Constantino



Numa toca no chão vivia um hobbit...
Com essa clássica introdução inicia-se o livro escrito por J. R. R. Tolkien em 1937 e que pretendia servir apenas para entreter seu filhos com um conto infantil de fantasia, mas que alcançou sucesso imediato quando foi publicado. Sua história serviria posteriormente como prelúdio para a conhecidíssima saga do Senhor dos Anéis, se tornando um dos universos imaginários mais influentes de nossa geração.
E tudo começou nessa toca. “Não  uma toca desagradável, suja e úmida, cheia de restos de minhocas e com cheiro de lodo, tampouco uma toca seca, vazia e arenosa, sem nada em que sentar ou o que comer: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto”.
Era a casa de Bilbo Bolseiro, um hobbit pacato e sem ambições cuja ideia de aventura significava ir até sua despensa ou adega. Isso até o dia em que o mago Gandalf surgiu em sua porta em companhia de 13 anões e o incluiu numa comitiva cuja jornada significava ir até a Montanha Solitária recuperar o reino perdido dos anões e de quebra roubar o tesouro do terrível dragão Smaug, o Magnífico. Sem contar a descoberta de um certo anel que traria grandes consequência ao destino da Terra Média.
A nova incursão de Peter Jackson nesse universo guarda o mesmo clima da trilogia anterior, mas tem uma abordagem sensivelmente diferente em relação ao respeito ao material de origem. Se em O Senhor dos Anéis havia uma preocupação em ser muito fiel à saga literária, onde cada filme representava um volume escrito, desta vez, para justificar a extensão de um livro curto numa trilogia cinematográfica, incluiu-se muito conteúdo de outras fontes ou que era brevemente mencionado na história.
E os elementos extras da trama, ainda que se trata do primeiro capítulo da nova trilogia, já demonstram a preocupação em realizar a ligação com a série que narra os eventos posteriores.
Mesmo que a história seja diferente da original para acomodar sua ligação com o Senhor dos Anéis, nota-se um profundo respeito ao material-base. O cenário, a caracterização das raças e dos personagens da Terra Média novamente é o grande destaque. Quem esperava ansiosamente ver anões em ação não se decepcionará, principalmente no longo prólogo que foi incluído para explicar como o reino anão caiu ante o ataque de Smaug, este só vislumbrado de relance para não estragar a surpresa do próximo capítulo, convenientemente intitulado O Hobbit: A Desolação de Smaug.
Apesar do tom ser mais leve para acompanhar o fato de que se trata de uma história infantil, é possível perceber uma grande similitude visual. O que é louvável levando-se em conta que os efeitos especiais deste filme são mais avançados do que aqueles utilizados há dez anos.
Contribui para isso as várias aparições especiais que automaticamente remetem à trilogia anterior e mantém um senso de continuidade, ainda que se trate de um prelúdio.
O diretor repete alguns de seus vícios, como por exemplo a coreografia impossível das cenas de ação que beiram, às vezes, o cartunesco, mas que em se tratando da Terra Média, e principalmente d’O Hobbit, se torna quase uma qualidade da película.
O fato da história sofrer um pouco com o ritmo desigual de seus atos, a falta de um melhor estabelecimento da força antagônica ou a indisfarçável ocorrência de um deus ex machina para resolver o conflito final não permitem que tratemos o filme como uma obra-prima. Porém, nada impede que fiquemos maravilhados com a grande protagonista da história, que assim como nos livros de Tolkien, é a própria Terra Média.

Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, Phillipa Boyens,  Guillermo Del Toro e Peter Jackson
Elenco: Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Ken Stott,  Grahan McTavish, William Kircher, James Nesbitt, Stephen Hunter, Dean O’Gorman, Aidan Turner, John Callen, Peter Hambleton, Jed Brophy, Mark Hadlow, Adam Brown, Ian Holm, Hugo Weaving, Cate Blanchett, Andy Serkis, Sylverter McCoy e outros.
Direção de Fotografia: Andrew Lesnie
Edição: Jabez Olssen
Trilha Sonora: Howard Shore
Duração: 169 min
País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Aventura/Fantasia
Previsão de Lançamento: 14 de Dezembro de 2012



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Crítica - Paris-Manhattan

Por Alex Constantino



Desde que a farmacêutica Alice (Alice Taglioni), em sua adolescência, viu um filme de Woody Allen pela primeira vez, se tornou obcecada pelo trabalho e pela figura dele. Ela mantém um pôster gigante em seu quarto, vive citando frases de seus filmes e costuma oferecer como tratamento a seus clientes DVDs das obras do cineasta nova-iorquino.
E assim como a protagonista, Paris-Manhattan está impregnado pela obra de Allen. Estão presentes elementos mais sutis como o próprio tom e estilo. Mas há também referências mais explícitas, apresentando-se uma personagem experimentando uma crise existencial, onde o  próprio cineasta vem ao auxílio da protagonista através de frequentes diálogos com o pôster em que ele despeja fartas doses de citações de seus filmes.
Isso não quer dizer que o filme não faça uso das maiores convenções do gênero, principalmente em relação ao encontro de Alice com seu potencial parceiro romântico Victor (Patrick Bruel) em circunstâncias incomuns e cômicas. E nesse encontro há ainda o recorrente estranhamento inicial entre o casal e o aparente choque de personalidades e crenças.
Portanto, não espere originalidade em relação à história porque já é possível antever a solução ao suposto dilema de Alice em escolher entre o ranzinza e feio Victor ou o simpático e boa-pinta Vincente (Yannic Soulier). E o título do filme, de certa maneira se justifica entre essa escolha entre o primeiro (Paris) ou o segundo (Manhattan).
De certa forma, mesmo que muito calcado na obra de Allen, um certo frescor advém do tempero francês, onde mesmo seguindo uma estrutura hollywoodiana, há diálogos e ações menos pudicos.

Direção: Sophie Lellouche
Roteiro: Sophie Lellouche
Elenco: Alice Taglioni, Patrick Bruel, Marine Delterme, Louis-Do de Lencquesaing, Michel Aumont, Marie Christine, Yannick Soulier Adam e outros.
Diretor de Fotografia: Laurent Machuel
Edição: Monica Coleman
Trilha Sonora: Jean-Michel Bernard
Duração: 77 min
País: França
Ano: 2012
Gênero: Comédia Romântica
Previsão de Lançamento: 11 de janeiro de 2013