terça-feira, 25 de maio de 2010

Textos internos4 Da Perda ou 9

9 anos, pânico era o que sentia, olhava para as pessoas no ônibus como se fosse a ultima vez, pensava que estava indo para morrer, não tinha boas perspectivas, chegando já colocaram numa cama deram uma injeção mais conhecida como anestesia e para piorar as coisas trouxeram a cadeira de rodas.Sentou e tudo começou a ficar confuso, se lembra que tinha uma porta no fundo do corredor...


9 anos e não consigo me lembrar a ultima palavra dita por ela, a ultima conversa...

Esta porta era a sala de cirurgia, recordação lá de dentro não há...

O esforço para lembrar o que inconcientemente nunca esqueci, tráz as memórias de um outro corredor, de uma sala visitada por meses de amortecimento por não saber o que sentir.

Sangrou na saída da cirurgia, desesperou, Muito sangue saia da sua boca.

Mas estava confortado, ela não saiu do seu lado.

Durante o amortecimento e a sala da UTI, uma das coisas que mais me fez falta foi não sentir o cheiro do beijo dela e que ainda me faz falta.

O sangramento era pela falta das amigdalas, elas foram arrancadas pela raíz. Sangrou.

Voltando ao cheiro do beijo e ao calor do carinho que não vou sentir em ninguém. Sangrou também a perda, só que não dei a atenção e parece que secou de tanto sangrar ou de fato não olhei cuidadosamente, dizem que o que os olhos não veem o coração não sente. Sinceramente não sei a razão e confesso que talvez não queira, mas que poderia me ajudar

Calma, agora você vai comer todas as coisas que você quiser, vai crescer vai ficar forte.

Tocou telefone, era por volta das 6 da manhã, me pediram para ir para o hospital, levar uma troca de roupa. A encontrei não mais no corredor da UTI. Mas no subsolo do hospital, estava fria, tanto quanto a plataforma que ela me esperava. Talvez ali tenha realmente colocado minhas emoções em um lugar que esqueci o caminho!

20 anos depois cresci como minha mãe me pediu e 9 anos depois de sua morte ainda sinto falta do seu carinho e do cheiro do seu beijo e ainda não me lembro da ultima conversa. Não me lembro.

domingo, 16 de maio de 2010

É tão.



assim sentir tão
imerso e escuro e
ao mesmo tempo
brilhante

tão sentido,
mergulho em
alturas sem medir

pastoro algo assim
sim, sentido sem
e coberto de razão

imenso, sofrido,
verdadeiro, mais é pouco,
real nem de perto.
sentimento?

algo dá assim
na barriga
e some sim
por isso é tão...

sábado, 8 de maio de 2010

Esqueça


Um copo com água...
Ele se levantou.
Nao tinha mais roupa limpa, revirou num monte de roupa que estava no chão e colocou o que estava menos amassado e menos fedido.
Nao teve como dar um jeito na sua cara, muito menos em seus pensamentos que viviam sempre em taquicardia, não, não errei o orgão. O coração já tinha terminado de morrer uns dias antes. Na concepção dele o coração que ele teve, que era cheio de sentimento começou a morrer, quando ele perdeu o seu primeiro amor, foi triste quando ela o deixou. Depois perdeu mais uma parte quando ele mesmo o deixou, era o fim do segundo amor. Perda de amor nao mata ninguem, era o que diziam pra ele. E a sua reposta era que se um coração ja não bate com força depois de ter perdido sua mobilidade que era o seu amor materno de maneira dolorosa como foi o caso dele, qualquer suspiro de sentimento que não dê certo paralisa, cria escara e fatalmente te leva a morte. E uns dias atrás ele estava suspirando pela ultima via que ele considerava, que era o desejo e se perdeu.
Ele acordou hoje para esquecer o amor.
Mas não tinha como não lembrar do trabalho e seu chefe não deixo de esquecer que ele não era mais o funcionario que sempre foi e se lembrou que poderia mandá-lo embora e assim o fez.
O aluguel também não esqueceu de chegar.
Então ele decidiu esquecer a vida profissional também.
Se esqueceu.
Foi andar e de andar e andar percebeu que nao edificou nada pra ele e que sua vida estava como um terreno baldio.
Encontrou uns meninos jogando bola e jogou com eles.
Encontrou flores no meio do caminho e só prestou atenção nos espinhos, não teve coragem de encarar o que era bonito.
Pagou pela puta mais feia
Bebeu as piores bebidas que fazia questão de não beber.
Comprou veneno
Bebeu mais
Prometeu pra puta que casaria com ela.
E como num rompante fez amigos, pela eternidade de uma bebedeira.
Foi pra casa com sua mulher, a que casou com outro músculo não o coração.
Se acabaram, e ele preparou a água com o veneno e deixou em cima do criado mudo.
Saiu pra comprar bebida.
Quando voltou estava divorciado, roubado e sem dinheiro.
Continuou bebendo.
Apagou.
Um copo com água...era o que ele precisava, a sede era tanta e ele bebeu toda água quase que num so gole.
Bebeu porque esqueceu.
Vomitou porque lembrou.
E sentiu seu coração bater mais uma ultima vez.
Depois não viu mais nada.
e se esqueceram dele.