segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Karliana - Um pequeno folhetim - Capítulo 1

Da trilha das formigas na estrada dos antepassados




Era uma vez um dia quente, bem quente, para dizer a verdade alguns galhos à margem do rio já estavam bem secos. Pois não chovia na região há muitos anos para desespero dos adultos, mas... o mais incrível é que as crianças sempre encontram as mais malucas e diversas funções para pedaços de madeira, pedras e pequenas coisinhas encontradas num caminho.

Naquela manhã não foi diferente, uma pequena menininha com um vestido florido, estava passando pela trilha criada há séculos por seus antepassados, caçando o que fazer e encontrou perto do poço da cidade... o mesmo poço em que todos os cidadãos vinham buscar água para as suas mais variadas tarefas....o que ela encontrou e observou era um pequeno caminho de formigas. Primeiro ela observou de longe, depois foi se aproximando e então decidiu interferir no caminho, quando:

- Não! - Sussurrou uma voz vindo de uma grande jabuticabeira.

Era a voz de um menino sem camisa que estava escondido atrás de uma roda de madeira, a menininha recuou, pediu desculpas e perguntou o que ele estava fazendo. Depois que explicou que ele tinha preparado uma armadilha muito bem feita para colocar essas formigas dentro de um pote, eles se tornaram grandes amigos e decidiram andar juntos até o fim da trilha dos antepassados. 

No final desta trilha encontraram um gato deitado. Na verdade, parecia estar doente em frente a uma porta velha. Chamaram o bicho:

- Pis pis pis pis. 

Primeiro ele e depois ela, e nada adiantou. Então puxaram o tapete e o gato não se mexeu. O gato não reagiu a nada, até o momento que colocaram as mãozinhas em seu pelo branco e limpo e perceberam que ele estava vivo e que talvez precisasse de ajuda o quanto antes. Por algum motivo eles souberam que não daria tempo para levar o gato para casa deles lá na vila, do mesmo jeito que sabiam que era errado importunar a pessoa estranha que morava naquela casa.

Eles se olharam por menos tempo que uma fração de segundo e sem perceber, nem escutar, a porta já estava aberta e no espaço que ela ocupava, estava em pé uma mulher vestida com uma túnica azul bebê e uma espécie de saia-calça branca. Ao mesmo tempo em que seu cabelo era curto e branco, tinha um aspecto mais jovial ainda com um olhar doce, que foi interrompido:

- O gato está doente senhora...digo moça. - disse nervoso o garoto.
- Calma! Olá, bom dia, estávamos caminhando e sem querer acabamos chegando aqui na sua
porta. - complementou a garota.
- E encontraram o gato? - respondeu a mulher.
- Ele vai morrer se não cuidarmos dele. - retrucou a garota
- Claro que vai morrer e esta é a ultima vez. - disse a mulher pegando o gato que já pulava para o seu colo.
- Última? - estranhou a menina.
- Sim. - Disse a mulher com um olhar de certeza, acariciando o triste gatinho.

Continua ...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Visite a nossa sala de projeção









Sempre que eu entro em uma sala de cinema sigo alguns rituais: primeiro, olho ao espacinho que leva à sala de projeção; depois, procuro um bom lugar para sentar e, acomodado, espreguiço-me algumas vezes para me esticar um pouco (contudo, isso de nada adianta, já que no meio do filme já estou todo torto na cadeira). Ainda depois, dou uma olhada nas pessoas e torço para ninguém ficar falando no meio do filme. E, claro, faço o que já comentei n'O Número 8: sempre dou uma olhadinha nos rostos das pessoas no meio do filme. Muito bacana ver as reações.


Quero voltar em um ponto citado acima, sobre olhar ao espacinho que leva à sala de projeção. Sempre tive vontade de ficar lá, um dia, vendo como as coisas funcionam, mas nunca encontrei nenhuma plaquinha dizendo: “Visite nossa sala de projeção”.


Deve ser por isso que eu gosto tanto do Totó, um garotinho sensacional que teve um amigo fantástico chamado Alfredo. Explico:


Cinema Paradiso é o lugar onde os moradores da cidade de Giancaldo vão para se divertir, seja lá o que cada um tem por diversão. É um lugar onde, apesar das diferenças, todos se reúnem. Totó é um destes moradores levados pelo encanto do cinema, entre aqueles que nem piscam os olhos quando o filme está passando. Já Alfredo, o projecionista, está ao lado do povo: é um cara que a cidade inteira adora. Graças a essa relação, cria uma amizade incrível com Totó, que, o tempo todo, quer estar ao seu lado, na sala de projeção


A amizade só cresce. Acompanhamos o garotinho que se torna adulto, que se apaixona e aprende não só sobre cinema, mas sobre o amor e a vida, com histórias e os melhores conselhos de seu amigo – o melhor amigo. Totó não seria Salvatore não fosse a relação de amizade com Alfredo.


A tudo isso, acrescente uma trilha sonora absolutamente espetacular de Ennio Morricone e a toada tão característica de Giuseppe Tornatore e suas belas imagens, em um ambiente simples e tão sincero: a Itália do pós-guerra, em uma fase anterior à da televisão.


Vale comentar também uma das vezes que Totó, ainda garotinho, está com Alfredo na sala de projeção. Ao meu ver, uma das cenas mais lindas do filme e do cinema. É o momento em que algumas pessoas não conseguem entrar para ver o filme. Gritam na praça e pedem pela ajuda do projecionista. A cena é espetacular como o próprio filme. Quem já viu sabe, quem não viu deveria assistir. E, se quiser, volte para me contar o que achou. O filme de Tornatore é uma declaração de amor à vida e ao cinema.


Por isso, quando entro em uma sala de cinema, procuro pelo espacinho que leva à sala de projeção. Busco, assim, a escultura de leão do Cinema Paradiso.



Bons filmes!



Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso) 1988
Direção Giuseppe Tornatore
Roteiro Giuseppe Tornatore e Vanna Paoli
Elenco:Philipp Noiret, Enzo Cannavale, Antonella Attili e Marco Leonardi
Musica: Ennio Morricone


domingo, 4 de setembro de 2011

Ai essas duas...



Não sei se você já teve esta dúvida em algum momento, apresentarei os motivos:

Ela é assim meio indie, meio tradicional, meio louca, ela é tão ela...
Ela também é tão ela, só que mais séria, um pouco mais tradicional, mas não menos louca...

A primeira já me mostrou coisas antigas, me contou histórias incríveis e me mostrou filmes fantásticos...
A segunda eu tive inúmeras conversas, falamos de teatro e de viagens, de possibilidades...

Com a primeira eu vivo o momento, tomo cerveja, danço black music, com a segunda curto Bossa Nova e até fico com vontade de tomar uísque, as vezes fico sem vontade...

Uma vejo mais durante o dia, a outra mais de noite, é meio aquela coisa do Feitiço de Áquila...

O problema são as madrugadas, que as duas mostram todos encantos, todos os carinhos, todos os gostos, todas as músicas nas mais diversas línguas e que admito as duas são mais que fluentes.

O fato é que confesso que não sei quem escolher se é a Augusta ou a Paulista, por isso todo dia que fico nessa esquina seja dia, ou madrugada, eu reverencio e me sinto muito bem, que me perdoe Caetano esta é a esquina que mais gosto. E como bom paulistano vou me dividir e ter um caso de amor com as duas.