quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Altar de pão

Eu prefiro acreditar que a dor corrompe o ódio a acreditar no contrário.
Brado ao destino, eudeuso um pedaço de pão, coloco meu polegar em qualquer pedaço de papel que diz que vou ter um lugar pra morar.
Meu Deus esta acabando
Meu filho chora
Minha mulher se humilha.

Vendo meu ódio ao diabo em troca da
Cruz
Roubo!
Grito!
Assusto!
Me assusto...
Outra criança chora
Seu pai se humilha.

No que chamo lar me chamam
Minha mulher dessa vez sorri
Meu filho me abraça
Volto a acreditar em Deus por pelo menos uma semana.

Textos internos1

Quer Cerveja?
Peraí, deixe eu sentar aqui.
Na verdade deixe eu ir pra lá
Ei, você vai sentar aqui?
Ih...o puff tá ocupado
Mesmo se eu tivesse ganhado a aposta do bar...
Me perdi
Me achei
Me acharam
Achei que ele tinha o meu corpo, meu copo, mas os olhos eram mais bonitos.
Achei que ela tinha o meu gosto...senti seu gosto...ah mundo de gostos.
e no vão das coisas que a gente disse
cabe mais uma porrada de coisas e mais algumas apostas
No fundo, acho que tudo é fome de viver

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Excesso de querer

Digo
o excesso é querer mais
o que se menos pode ter
deixar passar o que não teve
é espaço pra te ter
Me perder de tanto encontrar

Fico,
Finco olhar num beijo
Lábio, por lábio seu, espero você
me chamar

Um dia, uma hora
Todo meu desejo e o que mais?
Por querer te espero
Como ninguém pôde

Vai, deixo ser o estar.
Aquele ficar com o excesso de querer mais
com menos a dizer,
pra realizar o improvável

que é ficar

Nisso está o isto que quero
te fazer acreditar

Excesso de querer
O que diz o seu olhar?
Sei, então, o que diz o seu estômago?

Vai, não acredito que não acredita mais
Vem, vem dizer o que você não quer
Que não te digo o contrário.

Digo
que o meu excesso é te querer
é deixar pra lá, o que não tive

Ah vai, não me deixe esperar
Mais um dia, um minuto
Um desejo inteiro.
Simplesmente por te querer mais.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Vers







Atravesso meu ombro
olho para outra direção
oposta
oposto
sentimentodenegrido

Atravesso o espelho
quebro
Areia.
coraçãocimento

Ombro
escorregando em
meu peito
contorcendo
meu extremo

Perna
sem traços
linhas riscadas
máquina parada

Me sufoco no plástico
Plástica
de palavras
Palavras plásticas
sendo emplastadas
amor sem ponto
encerro o ponto
e ponto.




Quadro "Tu mi pasión" de Olga Sinclair

sábado, 24 de outubro de 2009

Saquinho de felicidade

Sabe, felicidade deveria ser vendida em saquinhos, tipo aqueles saquinhos de Mupy, ter uma seção de supermercado e tal , assim não se precisaria correr feito barata tonta pela vida , ou se equilibrar entre frágeis pessoas de cristal, para não me trincar, seria muito mais fácil, por exemplo agora trocaria de roupa, iria até o supermercado aqui da esquina e pegaria alguns sabores de felicidade e passaria a tarde inteira tranquilo...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

esteslaços



Estilhaços
os laços desfeitos
mostram os traços do meu defeito
pensamentos do avesso 
sentir o fim
enfim
o que não pertence a mim 
vidraças
apedrejadas
por lágrimas
solidificadas 
não sentir
um começo
tarde dor do recomeço 
cara
um tapa
tapa
na cara 
Quebra...
Rompe-se
a inércia 
Estilhaços
Es tu meu laço
Desarrumado.

domingo, 23 de agosto de 2009

Como se...

Como se o mundo fosse doce deixei cair a flor
Era chão de terra
lá ficou
desintegrou

Semente
lá bROTOU
Era asfalto
Como o mundo é amargo não deu flor

Leia de uma vez de preferência bêbado(a) ou de ressaca



Tocou a campainha, a princípio estranhei, já era um pouco tarde e ninguém costuma me visitar assim, tarde.
Tocou de novo, então abri a porta.
Existem portas que não se devem abrir, a não ser que se saiba exatamente, exatamente, a hora de fechar, enfim...
Nessa hora você entra na coisa toda, você, sua calça jeans, sua camiseta branca...
Bem, entra. - disse eu. Tinha outra coisa pra dizer, tinha?
Até agora me pergunto, porquê você me pediu alguma coisa pra beber, e sentou não cruzando as pernas na almofada do chão, no meio da sala?
Eu deveria já saber, entender algumas coisas, mas não. Me fiz de ignorante... você gostou da bebida, da garrafa, reclamou que não tinha ventilador, ar condicionado, deu seu show, filosofou sobre efeito estufa, capitalismo, blá blá blá...Me beijou e se desculpou.
Você sabia o que fazia.
Me abraçou, você sabe como sou, me pediu ajuda, sabia como reagiria, perdeu o controle do seu show, mesmo depois que fui sua única plateia... por ter sido a única.
Você nem mais sabia dizer coisa com coisa. Eu? Eu já não queria saber, a noite só terminaria quando o dia tocasse a campainha.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Palavras sem mim e assim

Palavra sem mim e assim

eles são assim...
fingem ser, não são...
ou são por justamente não fingir?
Contradição...palavra ingrata..
se confunde com gravata...
que atrapalha o trabalho deles.
trabalhos esses que deveriam ser...
não tenho palavra, palavra ingrata.

agradeço por existir.
sim agradeço a palavra.
não aquela que há pouco determinei engravatada,
sim. sei que palavra não tem roupa
como sei que arte não tem corpo
e está em todo lugar.
mesmo na cabeça de engravatados.
que não usam corretamente o dom da palavra.

critíco sim
apanho não
não quero rimar nada em troco de nada.
quero pão.
com o trabalho amoroso.
sem sufoco.
apenas caloroso e satisfatório
esqueci da palavra.

elas são assim fingem existir
daqui a pouco somem de mim
e voltam sem pedir.
para passear de novo por aqui e ali
sim. reafirmo eles são assim

sábado, 6 de junho de 2009

Com o Sol eram três




Se esticou e sentiu uma pele suave roçando a sua batata da perna, desistiu de abrir os olhos, pelo contrário os apertou de maneira suave como se nunca mais quisesse abrir.
Atrito fez o fogo, logo cria calor e o lençol não era mais requisitado.
A luz estava apagada e os primeiros clarões do Sol invadiam lentamente o quarto.
Flashes cor de pele se destacavam neste amanhecer.
Mais e mais o Sol chegava na ponta da cama...
Já não eram mais flashes, então quem tinha aberto bem os olhos os fechou outra vez.
O calor, do Sol, agora tocou o ombro direito de quem estava nos pés da cama e nesse ponto deixou de ser voyer.
Se esticaram e sentiram...
Abriu os olhos. Respirou fundo. Se vestiu, arrumou o cabelo, deu a quem ainda estava na cama com o Sol, um olhar... e outro, se despediu e nunca mais voltou.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Eu nunca!

Nunca eu.
Algumas coisas entendi.
Aquelas que as vezes aparecem...
Coisas aquelas que explicações não tem.
Que o tempo não explica, o fim não condena e o começo é efusivamente esperado.
Coisas vestidas com cores que só eu crio e despidas de tanto que explico.

Eu nunca.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Jogue uma moeda

Esquerda ou direita?
Jogue uma moeda.
As coisas não são resolvidas assim.
Jogue uma moeda!
Campainha? Você chamou alguém a essa hora?
Não.

Oi...meu o que você esta fazendo aqui?
Surpresa?
Claro que sim...nem sabia que você tinha voltado.
Pois é...E você?
Eu não fui...
Eu sei bobinha, perguntei e você? Como estão as coisas?
Bem...estou bem...nossa! Você esta ótima! Dois anos?
Como se fossem duas semanas...obrigada.
Te pareceu tão pouco tempo assim?
Não, muitas coisas por fazer, muita gente por conhecer, muitas coisas pra mudar, muitos drinks por tomar, sabe como é, não sabe?
É claro que sei...chegou quando?
Agora!
E suas malas?
Malas?
É...você vai ficar quanto tempo?
Ainda não sei.
Desculpe, você não quer entrar?
Não.
Ok, você estava onde?
Vários lugares, nada fixo, colocava a mochila nas costas e saia.
É bacana! Você é louca! Sempre foi.
Um momento(,)é rápido...ponto de referência? hum...ah ristorante il viaggio. ok!
Desculpe olha só, eu vou colocar a minha mochila nas costas de novo, meu táxi está chegando.
Você já vai?
Vou, aqui está a mochila que eu trouxe pra você, toma é sua!
Bem...eu...obrigada...fica!
Coloque ela , tenho certeza que você ficará ótima.
Eu...não sei...
Meu...comprei esta mochila quando sai daqui há dois anos e três meses e foi com ela que eu conheci cada lugar por onde passei, foi nela que eu guardei cada coisa e todas as coisas. Não tirei nada dela! Agora ela é sua! Eu comprei uma nova aqui na esquina e vai ser com ela que vou pegar outro táxi, só queria....Meu táxi chegou, foi muito bom te ver, agora vou encher de coisas outra mochila. Enfim, é isso, meu táxi esta esperando, tchau.
Eu...bem...
Tchau e fique bem sempre!
Eu...espera, você tem uma uma moeda?

terça-feira, 28 de abril de 2009

Veio e passou a noite!



Veio e passou a noite comigo, Desejo.
Como definição prefiro a criada por Neil Gaiman e desenhada por muitos. Um ser andrógeno total, totalmente desejável. E olha que existem muitos e muitos mais fãs do que eu.
Depois de ontem acrescento algumas características.
Desejo coça o saco, pinta as unhas, tem belos seios, uma bela pegada, lindos lábios, barba por fazer, gosto gosta de sorvetes e de diversos drinks dourados.
Falava pouco e o pouco que falava era só para que eu não esquecesse a sua voz por uma eternidade de uma noite.
O cheiro...estava frio, a janela fechada, após algumas horas não sabia se era eu...ou se era puro Desejo o que estava no ar.
O som que escutávamos era dos nossos pensamentos falando por nossos corpos e um cd antigo do Foo Fighters...
Certa hora, a respiração marcou o silêncio dos lençóis suados.
Agora pouco quis comer, mas não pedi comida, Desejo não queria dormir e nem a noite, mas o sol chegou e pediu que fossemos embora. 
Assim sem saber quando nos encontramos de novo. 



quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quilombo



Acendeu a luz improvisada.
Levantou-se, escondeu suas cicatrizes, com o movimento de seus
músculos ao se espreguiçar.
Deixa o quarto lentamente arrastando os chinelos sem preocupação
no chão de barro batido.
Passa pelo corredor que tem pouco mais de três palmos de
extensão, chega ao quarto da pequena, lhe dá um suave beijo.
Resmunga qualquer coisa com a mulher e depois lhe beija
ardentemente, se torna mais homem.
Come alguma coisa e se fortalece.
Deixa a mesa.
Vai ao quarto, começa escutar a sirene.
Então coloca sua armadura, calça jeans desbotada arregaçada
até os joelhos, camisa enrolada na cabeça e pega em baixo do
travesseiro a sua arma do dia a dia.
Sai do quarto, com os pés no chão, para sentir melhor a frieza e o
calor natural da terra.
Deixa seu barraco, desce lentamente as escadas estreitas que o
levam do morro à civilização.
No meio do caminho coloca a mão na cintura em cima da arma, ao
avistar seu oponente vestido de cinza e com o quepe para trás.
No meio da escada se encontram, puxam suas armas e o barulho
das espadas dançando é escutado por todo o morro e cidade até o
amanhecer do próximo dia.
A luta termina, um corpo cai.
Um quarto fica vazio.
Uma criança, sem pai.
Seja de um lado ou do outro.
É mais um dia.
Mais um dia de luta.
E mais uma luta no dia e assim segue.

sábado, 10 de janeiro de 2009

(Uma tentativa de homenagemmao Nelson)


Sentavam as três, a avó, a mãe e a filha sempre no mesmo lugar na igreja para missa das dez horas do domingo, na saída lá iam as três na mesma ordem pedir a bênção do padre e tornavam a casa. Era assim semana após semana, dia após dia.
Em casa era sagrado o bolo de fubá na quarta-feira e o bolinho de chuva da sexta-feira feitos pela avó.
A mãe era costureira de roupas e de vida alheia, mas só o era para as amigas.
A filha , exemplo, educada, formosa, recatada com futuro brilhante.
A bisa, havia ensinado tudo direitinho.
Numa dessas sextas de bolinho de chuva fazia um calor daqueles e de repente como não de surpresa caiu aquele pé d'água no finzinho da tarde e a missa não foi mais a mesma.
Ela tocou a campainha e coitada estava molhada dos pés aos seus vinte e poucos, desde a calça jeans a camiseta...
A avó, não demorou em pedir que ela entrasse e de apresentá-la, era ela prima, de segundo grau que morava na capital. Foi um um beijo no rosto sem jeito dado pela mãe e em troca dois beijos aconchegantes da convidada, da filha foi um beijo tímido e em troca dois beijos e um abraço apertado da prima distante.
E elas assim ficaram paradas na sala em frente a porta por quase cinco minutos até a avó levá-la para o quarto que ela ficaria.
Como de costume ela não dava explicação de nada e assim foi desta vez.
No sábado foram juntas as quatro mostrar a cidade para ela, e a cidade não fez por menos e todos saíram para vê-la.
Dia longo e cansativo e ao chegar em casa ela só conseguiu dizer?
- Preciso de um banho!
Jantaram.
Dormiram.
Acordaram e era domingo e ela não tinha roupa para igreja e a avó pediu para a filha emprestar uma de suas roupas para ela.
No quarto.
Caladas.
A filha tímida, abriu o guarda-roupa e começou a escolher o que podia emprestar e pegou o vestido longo preto, como o seu e passou para as mãos dela que sem querer tocou nas pontas dos dedos dela, para uma fuga rápida da filha.
Ela notou, claro, agradeceu com um sorrisinho e tirou a roupa para colocar o vestido.
Silêncio.
Batem na porta.
-Vão na frente que ainda não escolhemos a roupa. Ela respondeu.
A mãe quis esperar, a avó preferiu ir na frente.
Na igreja, as duas esperaram quinze, vinte, a missa toda e nem pediram direito a bênção do padre e voltaram.

em casa chegando a comida estava pronta.a filha esperava de cabelo molhado do banho com ela sentada ao seu lado a mesa