quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quilombo



Acendeu a luz improvisada.
Levantou-se, escondeu suas cicatrizes, com o movimento de seus
músculos ao se espreguiçar.
Deixa o quarto lentamente arrastando os chinelos sem preocupação
no chão de barro batido.
Passa pelo corredor que tem pouco mais de três palmos de
extensão, chega ao quarto da pequena, lhe dá um suave beijo.
Resmunga qualquer coisa com a mulher e depois lhe beija
ardentemente, se torna mais homem.
Come alguma coisa e se fortalece.
Deixa a mesa.
Vai ao quarto, começa escutar a sirene.
Então coloca sua armadura, calça jeans desbotada arregaçada
até os joelhos, camisa enrolada na cabeça e pega em baixo do
travesseiro a sua arma do dia a dia.
Sai do quarto, com os pés no chão, para sentir melhor a frieza e o
calor natural da terra.
Deixa seu barraco, desce lentamente as escadas estreitas que o
levam do morro à civilização.
No meio do caminho coloca a mão na cintura em cima da arma, ao
avistar seu oponente vestido de cinza e com o quepe para trás.
No meio da escada se encontram, puxam suas armas e o barulho
das espadas dançando é escutado por todo o morro e cidade até o
amanhecer do próximo dia.
A luta termina, um corpo cai.
Um quarto fica vazio.
Uma criança, sem pai.
Seja de um lado ou do outro.
É mais um dia.
Mais um dia de luta.
E mais uma luta no dia e assim segue.

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