quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Crítica - A Origem dos Guardiões

Por Alex Constantino



Na nova animação da Dreamworks, North/Papai Noel (Alec Baldwin), Bunny/Coelho da Páscoa (Hugh Jackman), Tooth/Fada dos Dentes (Isla Fisher) e Sandy/Sandman (mais conhecido no Brasil como João Pestana) foram escolhidos pelo Homem da Lua como guardiões e cada um deles é responsável, à sua maneira, por proteger todas as crianças. Em retribuição, seu poder provém da crença que cada uma delas alimenta sobre eles.
Porém, Pitch/Bicho-Papão (Jude Law) pretende retomar o poder que possuía na idade média, quando todas as crianças acreditavam em sua existência e o temiam. Para isso ele coloca em ação um plano engenhoso para destruir a crença nos guardiões enquanto amplia seu exército de pesadelos. É a maior ameaça que os guardiões já enfrentaram e para auxiliá-los o Homem da Lua nomeia um novo guardião, Jack Frost (Chris Pine), que pode ser decisivo na batalha, desde que primeiro se reconcilie com seu passado encontrando suas memórias perdidas e descubra seu verdadeiro cerne.
A partir daí acompanhamos um aventura épica, bem mais focada em agradar o público infantil já que foram deixadas de lado as costumeiras referências adultas que se fazem nas animações recentes para também agradar os marmanjos. E diante da temática, faz bastante sentido porque a história lida com ícones infantis que, assim como no filme, resistem em nosso mundo exatamente pela crença alimentada pelas crianças.
Isso não quer dizer que não seja agradável aos adultos, uma vez que remete a um elemento nostálgico e também existe todo o encanto de proporcionar essa fantasia aos pequenos.
Além disso, o grande destaque vai para a direção de arte com um belo design dos personagens - em especial do Sandman - e soluções inspiradas de cenários, como a fábrica do Noel, a toca do Coelho ou o castelo da Fada.
Por outro lado, a animação é excessivamente vertiginosa, o que não casa muito bem com o 3D que pede uma profundidade de campo maior e parcimônia nas mudanças abruptas de foco. Ao contrário, o filme investe, muitas vezes sem qualquer justificativa, em movimentar a câmera freneticamente como na cena inicial em que Jackie Frost aparece esquiando no gelo, sendo que isso não acrescenta nada, ao contrário, prejudicada bastante.
Na sessão foi possível logo no começo ouvir uma criança reclamando para a mãe que já estava enjoada e creio que não será raro que isso se repita.
Além disso, apesar da originalidade de utilizar as figuras infantis como um grupo contra um inimigo que é também do universo das crianças, o roteiro é bastante previsível e é possível antecipar acontecimentos e o próprio final com alguma facilidade.
Nada, porém, que prejudique seu público principal de se divertir com a história e de se identificar com as crianças do filme.

Direção: Peter Ramsey
Roteiro: David Lindsay-Abaire
Elenco: Hugh Jackman, Alec Baldwin, Isla Fisher, Jude Law, Chris Pine, Dakota Goyo, Khamani Griffin, Kamil McFadden e outros.
Diretor de Arte: Max Boas
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Duração: 97 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Aventura (Animação)
Previsão de Lançamento: 30 de novembro de 2012

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Crítica -O Homem da Máfia

Por Alex Constantino



O terceiro filme de Andrew Dominik (O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford) abre com Frankie (Scoot McNairy) caminhando enquanto ouvimos trechos de um discurso de Obama, entrecortado com as inserções abruptas dos créditos iniciais, sempre anunciadas por um incômodo barulho.
Ao encontrar com Russel (Ben Mendelsohn) somos levados ao grande prólogo que mostra o assalto cometido pelos dois à uma casa de carteado administrada por Markie (Ray Liotta).
Frankie acabou de sair da prisão e sua situação econômica está precária, portanto, não tem como recusar a proposta do Esquilo (Vincent Curatola) que narra a história de como Markie roubou a próprio esquema de jogatina e conseguiu sair ileso. Como ele passou a se gabar de seu feito, um novo assalto ao local faria com que todas as suspeitas recaíssem sobre o administrador da casa e, com a punição dele, os verdadeiros assaltantes não seriam descobertos.
Parecia o plano perfeito, mas ainda que o roubo tenha sido bem sucedido, a participação do chapado Russell já prenunciava problemas. E é aí que entra Jackie (Brad Pitt), o responsável pela máfia do jogo em aplicar a lei do crime local e restabelecer a ordem.
Durante um período que corresponde ao final do segundo mandato de Bush e a eleição de Obama, acompanhamos Jackie na execução de seu serviço de localizar e dar cabo dos responsáveis pelo assalto.
Vários diálogos dos candidatos, assim como de Bush sobre a grande crise econômica que explodiu naquele país, fazem intromissões durante a história e, por vezes, se sobrepõem ao que está acontecendo em cena.
Ao apresentar os reflexos no mundo do crime de todos esses males que assolam os EUA o diretor cria uma alegoria para o mundo dos negócios, a política e a economia norte-americana.
A máfia é um grande negócio e é representada com uma estrutura corporativa. Uma empresa que sente o impacto da crise econômica ainda que se desenvolva à margem da lei.
Mais do que um filme de máfia ou uma história de crime, é um drama centrado nos personagens que dentro de seu universo demonstram que a crise vitima a todos. E a escolha do cenário desolado de New Orleans, destruído pelo desastre natural que assolou aquela cidade, exterioriza a própria desolação econômica e política do país.
O filme derrapa um pouco a partir da metade onde a mensagem implícita e alegórica cede lugar a um discurso cada vez mais explícito, chegando a soar panfletário na cena final.
No entanto, a  grande performance do elenco, capitaneado por Pitt, eleva o interessante trabalho de direção com cenas de violência brutal e sem redenção. Existem também cenas de humor negro como toda a sequência do “envio” da carga canina roubada a ser desovada na Flórida.
Ambos os momentos se complementam para ilustrar o cenário geral onde até os inclementes não passam de vítimas da grande inclemência do vilanesco sistema econômico mundial.

Direção: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik
Elenco: Brad Pitt, Ray Liotta, Richard Jenkins, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Vincent Curatola, Trevor Long, Max Casella e outros.
Diretor de Fotografia: Greig Fraser
Edição: John Paul Horstmann e Brian A. Kates
Duração: 97 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 30 de novembro de 2012

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Crítica - As Palavras

Por Alex Constantino



Bradley Cooper parece ter tomado gosto de personificar uma figura artística de talento discutível que se vale de outros subterfúgios para ganhar algum reconhecimento.
Não, não é uma crítica à qualidade da sua atuação, embora, estranhamente, faça algum sentido entendida dessa forma.
O que chama a atenção é seu interesse em reprisar o papel de um escritor atormentado pela constatação de que não possui as qualidades necessárias para viver de sua escrita, mas que acaba topando com uma solução externa que lhe permite viver seu sonho por um breve período até se transformar no pesadelo de conviver com sua farsa.
Em Sem Limites o auxílio vinha através de uma droga experimental que permitia ao personagem usar 100% de seu cérebro e, magicamente, transformar toda a informação coletada em conhecimento, uma habilidade que despertou o interesse em utilizá-lo como ferramenta para fazer bilhões no mundo corporativo.
Em As Palavras, Rory Jansen (Bradley Cooper) consegue a incrível façanha de ser laureado como um escrito promissor já em seu primeiro romance. Ele desfruta do sucesso comercial e de crítica, mas há um problema: o livro não foi escrito por ele.
E a situação fica mais complicada quando a única pessoa que sabe de seu engodo vem ao seu encontro: o verdadeiro autor.
Num drama apresentado em camadas acompanhamos a própria vida de Rory, antes e depois do sucesso, assim como a história contada em seu livro que é repetida e ampliada pelo velho sem nome (Jeremy Irons) que revela que se trata de seu próprio passado.
Enquanto isso, ambas as histórias, na verdade, fazem parte de um livro que é narrado por Clay Hammond (Dennis Quaid).
Confuso? Nem tanto. E esse resumo faz parecer que a história é mais refinada do que ela realmente é. Não se enganem, é um drama linear que intercala cenas dos três eixos narrativos e que tenta estabelecer alguma relação entre eles.
Houve a preocupação em distinguir visualmente cada uma das histórias, em especial aquela que se passa durante o período da 2ª Guerra Mundial, usando uma granularidade diferente e a indefectível saturação da cor para remeter a algo envelhecido.
Porém, não se pode dizer que haja qualquer surpresa ou originalidade visual ou narrativa. Não há nada que incomode (muito), mas também há pouco com o que se encantar, a não ser a ótima atuação de Irons.
Existe até uma moral embutida que repercute negativamente no personagem interna e externamente, eis que fica se remoendo em remorso enquanto sua relação afetiva com Dora (Zoe Saldana) é estremecida.  Apesar disso, está longe de ser um filme impactante, assim como a suposta grande revelação final.

Direção: Brian Klugman e Lee Sternthal
Roteiro: Brian Klugman e Lee Sternthal
Elenco: Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dennis Quaid, Olivia Wilde, Jeremy Irons, John Hannah, J.K. Simmons, Ron Rifkin, Ben Barnes, Nora Arnezeder, Zeljko Ivanek e outros.
Diretor de Fotografia: Antonio Calvache
Edição: Leslie Jones
Trilha Sonora: Marcelo Zarvos
Duração: 97 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 23 de novembro de 2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Crítica - Marcados para Morrer

Por Alex Constantino



Novamente o diretor David Ayer (Tempos de ViolênciaOs Reis da Rua) dá vazão ao seu fascínio pelo Departamento de Polícia de Los Angeles e coloca no centro da história Brian Taylor (Jake Gyllenhaal) e Mike Zavala (Michael Peña), dois policiais da LAPD.
Desta vez, acompanhamos a dupla lidando com a rotina de patrulha num dos setores mais violentos da cidade, enquanto conhecemos um pouco sobre a vida de cada um deles.
A violência que encaram fica maior quando são marcados para morrer por um grande cartel mexicano por terem prejudicado algumas de suas operações.
Para acentuar essa violência o diretor opta por um tom mais realista, frequentemente se utilizando de imagens captadas por câmeras de vigilância, como aquelas instaladas nas patrulhas para registrar a abordagem dos policiais.  Utiliza, inclusive, pequenas câmeras instaladas nos protagonistas, pois Brian pretende gravar uma espécie de documentário registrando seu trabalho para a obtenção de créditos num curso de cinema, tudo para conseguir sua admissão na escola de Direito.
Assim, o que poderia ser uma ótima ferramenta de caracterização do personagem soa mais como uma justificativa esfarrapada do diretor para levar adiante seu interesse num pretenso registro realista.
E a adoração de Ayer pela polícia de Los Angeles o leva à sua fetichização, mostrando-a praticamente como uma ordem de cavaleiros em meio ao caos que domina a cidade. Já nos créditos iniciais ele inicia com  uma recitação do código de conduta de sua cavalaria e, se em Os Reis da Rua o mal estava entranhado no próprio departamento, desta vez vemos figuras altivas, imponentes e acima de qualquer suspeita.
Ao mesmo tempo, o diretor tenta humanizar seus homens da lei, mostrando um pouco da rotina privada de seus protagonistas, enquanto aproveita isso para intensificar o laço de simpatia que estabelecem com o público.
A dinâmica estabelecida pelos atores que interpretam os protagonistas é a grande qualidade da película, mas a insistência do diretor pelo registro documental acaba enfraquecendo a história, onde inclui cenas sem qualquer propósito benéfico para a trama, tudo para levar adiante seu projeto estético.
E com isso, não só atrapalha o ritmo como comete erros ingênuos, apresentando cenas com informações expositivas e desnecessárias, uma vez que são redundantes com o que já foi mostrado.  Não existe justificativa para mostrar a imagem de uma câmera noturna na fronteira com o México só para flagrar a conversa do chefão do cartel encomendando a morte dos protagonistas. Já tinha ficado muito óbvio anterormente que ao prejudicarem os negócios da organização, mesmo que acidentalmente, seu destino era inevitável.
É o mesmo que ocorre na inclusão da cena de conversa com um membro de outra gangue que os avisa  sobre rumores de que estão marcados para morrer.
Isso sem contar com a boba cena do sargento que numa festa faz um discurso a um bando de jovens soldados e, ao contar sua história, antecipa o desfecho da trama, tornando-a, já a partir da metade da película, muito previsível.
É estranho que um diretor que é também um roteirista experiente no ofício, faça escolhas que revelam certa insegurança. Ou talvez seja fraqueza ao permitir a ingerência de interesses mais comerciais, incluindo um epílogo para amenizar o clima deixado pelo final.
No fim, o que seria um retrato da dura rotina da polícia e poderia valorizar seu trabalho, parece mais uma imagem com fartas doses de retocagem no photoshop e, portanto, repleta de desconfiança.

Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Jake Gyllenhaal, Michael Peña, Anna Kendrick, Natalie Martinez, David Harbour, Frank Grillo, America Ferrera, Cody Horn e outros.
Diretor de Fotografia: Roman Vasyanov
Edição: Dody Dorn
Trilha Sonora: David Sardy
Duração: 109 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 09 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Crítica - Argo

Por Alex Constantino



Em 1979, eclodiu no Irã uma revolução popular que culminou com o retorno ao país do aiatolá Ruhollah al-Khomeini após a fuga para os EUA do Xá da Pérsia, Reza Pahlevi, um implacável ditador que havia reinado desde 1953 com o apoio político-militar do Ocidente.
A vitória do povo sobre o exército do Xá, que era municiado e treinado pelos EUA, inflamou os brios nacionalistas e como o movimento foi orquestrado pelos fundamentalistas, isso marcou o renascimento do fundamentalismo islâmico  em toda a região.
A multidão furiosa, imbuída de confiança, ocupou os ruas de Teerã exigindo a extradição de Pahlevi para que fosse realizado o acerto de contas. Com isso, a embaixada dos Estados Unidos foi invadida por revolucionários iranianos e muitos funcionários norte-americanos foram feitos reféns para servirem como moeda de troca.
Porém, seis deles conseguiram escapar e se refugiaram clandestinamente na residência oficial do embaixador canadense. Suas vidas estavam em risco, assim como de seus anfitriões, pois não podiam contar com a “segurança” dos cativos diante da exposição mundial de sua condição,  que impedia que fossem alvo de atos de barbárie.
Marcando uma corrida contra o tempo e diante das condições precárias do caso, um agente especialista da CIA, Tony Mendez (Ben Affleck), foi convocado para resolver a situação, elaborando um plano ousado: criar um falso projeto cinematográfico canadense (que dá nome ao filme) e, com o pretexto de realizar uma pesquisa de locações, aproveitar o engodo para retirar os refugiados como parte da equipe da filmagem.
E com base nesse pano de fundo histórico, Ben Affleck, que também dirige a película, apresenta um drama muito bem orquestrado, que mantém uma fidelidade muito grande com sua contraparte verídica. É o que ele faz questão de mostrar nos créditos finais, como uma maneira de convencer o espectador de que a história  foi real e que a menção de que se baseia em fatos verídicos não é somente uma ferramenta de marketing do filme, como usualmente ocorre.
Obviamente, foram utilizados alguns artifícios narrativos para aumentar a dramaticidade e o interesse pela história, mas chama a atenção o cuidado tomado para que a obra, narrativa e visualmente, fosse a mais fiel possível.
O próprio estilo adotado tenta emular a época em que a história se passa, com direito a detalhes como a tipografia  dos créditos iniciais e o próprio logo da Warner Bros, estúdio que patrocinou a realização do filme.
Isso em relação à parte da trama que mostra os refugiados, já que a outra porção dela, que se concentra em mostrar a criação do engodo com o uso de profissionais da indústria do cinema, possui um tom cômico que destoa bastante da outra metade, ainda que apresente um humor inteligente e sarcástico em relação à própria Hollywood, humor este capitaneado pelas atuações competentes de John Goodman e Alan Arkin.  Aliás, merecem destaque as demais atuações com a película recheada de astros da TV apresentando que conseguem render melhor quando bem dirigidos.
Apesar disso, Ben Affleck se mostra um diretor seguro, que em grande parte do tempo oferece uma narrativa inventiva e competente, ainda que haja alguns exageros do roteiro, como ocorre no clímax com a desnecessária inclusão de uma complicação em relação às passagens áreas, como se toda o desenrolar da trama já não fosse angustiante o bastante sem esse elemento equivocado.
Esse novo trabalho deixa evidente do porquê que a Warner Bros tem abrigado com boa vontade e entusiasmo os projetos do jovem cineasta e vem cogitando fortemente colocar nas mãos de Affleck projetos comerciais muito importantes do estúdio com o vindouro filme da Liga da Justiça. Especulações à parte, ele que já foi o Superman em Hollywoodland e o Demolidor no cinema demonstra mais uma vez que é muito mais forte quando está despido de sua fantasia de ator.

Direção: Ben Affleck
Roteiro: Chris Terrio
Elenco: Ben Affleck, Bryan Craston, Alan Arkin, John Goodman, Victor Garber, Tate Donovan, Clea Duvall, Scoot McNairy, Rory Cochrane, Christopher Denham, Kerry Bishé, Kyle Chandler, Chris Messina, Zeljko Ivanek, Titus Welliver e outros.
Diretor de Fotografia: Rodrigo Pietro
Edição: William Goldenberg
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Duração: 120 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 9 de novembro de 2012

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Crítica - Histeria

Por Alex Constantino



Na Londres vitoriana, o jovem Dr. Mortimer Granville (Hugh Dancy) tenta sem sucesso estabelecer uma carreira médica, mas encontra resistência de seus pares mais velhos por defender práticas tidas como absurdas, como sua insistência na existência de germes e preocupação com a higiene no ambiente hospitalar para eliminá-los.
Depois de passar por todas as casas de saúde londrinas, ele acaba sendo contratado pelo Dr. Robert Dalrymple (Jonathan Price) para auxiliá-lo em sua próspera clínica dedicada a diagnosticar e  tratar a histeria, segundo ele um mal que aflige  muitas mulheres e demanda um tratamento pouco ortodoxo.
Enquanto assistente residente na clínica do Dr. Dalrymple, Mortimer conhece a encantadora Emily (Felicity Jones) e a libertária Charlotte (Maggie Gyllenhaal).
A partir de então acompanhamos o protagonista, junto com seu irmão adotivo, o dândi Edmund (Rupert Everett),  desenvolvendo um apetrecho sexual que se tornaria muito conhecido dali em diante.
Nos créditos iniciais e no trailer do filme existe uma preocupação em destacar que a trama se baseia em fatos reais e tudo leva a crer que seremos apresentados a uma narrativa divertida que contaria a história da criação do vibrador.
Porém, mais chocados do que as mulheres que no fim do séc. XIX experimentaram aquela estranha novidade, somos enganados porque se trata de uma comédia romântica sem qualquer originalidade, já que o tema mais interessante, diferente do que foi prometido, é desenvolvido apenas de maneira tangencial à trama principal.
Nos deparamos com todos os clichês do gênero como a personalidade desajustada de um dos protagonistas, o estranhamento inicial entre o par romântico e a revelação final quanto ao sentimento entre eles. Isso tudo mostrado sem qualquer criatividade ou inventividade.
O filme é bem simpático e como fonte de entretenimento tem lá seu valor, mas como não explora o tema mais promissor em prol de oferecer mais do mesmo, fica-se com a impressão de que uma oportunidade potencial foi perdida.
Do mesmo modo, questões históricas interessantes (direito a voto, estudo, etc) são abordadas de maneira superficial, mais para demonstrar as idiossincrasias que tornam Charlotte uma figura peculiar no universo do filme do que destaca-las como conquistas feministas importantes. O que, no final das contas, acaba diminuindo sua relevância.
As damas vitorianas que experimentaram a novidade saíram positivamente surpreendidas, já o filme não causou a satisfação que prometia.

Direção: Tanya Weler
Roteiro: Stephen Dyer e Jonah Lisa Dyer
Elenco: Hugh Dancy, Maggie Gyllenhaal, Jonathan Pryce, Felicity Jones, Rupert Everett,  Asheley Jensen, Sheridan Smith, Gemma Jones, Malcolm Rennie, Kim Criswell e outros.
Diretor de Fotografia: Sean Bobbitt
Edição: Jon Gregory
Trilha Sonora: Gast Waltzing
Duração: 100 min
País: Reino Unido/França/Alemanha/Luxemburgo
Ano: 2012
Gênero: Comédia Romântica
Previsão de Lançamento: 9 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Crítica - Magic Mike

Por Alex Constantino




Baseado levemente na história do próprio Channing Tatum antes de ser alçado ao estrelato, no filme ele interpreta Mike, o grande astro de uma casa de strip-tease, que apresenta a Adam (Alex Pettyfer) o mundo da dança sensual masculina, uma alternativa tentadora para um jovem sem perspectivas obter dinheiro, festas e mulheres.
Por detrás dessa fachada se esconde um personagem em conflito com sua profissão e a superficialidade que seu estereótipo carrega. Ciente de que sua mágica é finita ele se encontra em busca de mais substância em sua vida pessoal e profissional.
E daí soa estranha a escolha do diretor Steven Soderbergh para apresentar essa história, uma vez que é bem conhecido por privilegiar o estilo em detrimento da substância, tudo o que o protagonista tenta refutar ao longo da trama que acompanhamos.
Portanto, prepare-se para uma enxurrada de contra-plongée (enquadramento que mostra o personagem/objeto de baixo para cima)  durante os números, tudo para deixar clara a visão idealizada que as mulheres tem dos stripers, assim como a posição dominância que exercem em seu público.
Sem contar que evidencia sua posição como objeto de desejo, como um vaso ou escultura em exposição num pedestal.
O filme é quase uma reprodução dos próprios espetáculos de strip-tease masculinos, ou melhor, da visão estereotipada deles, em que sobra empenho no visual dos números e há pouco esforço em fornecer qualquer sustância, afinal essa só se justifica como uma desculpa esfarrapada para a fetichização de alguns estereótipos profissionais (e além de bombeiros e soldados, temos até mesmo um Ken).
Existe um esforço bem intencionado de conferir maior profundidade à trama, investindo na apresentação de uma atividade e interesse romântico para dar a oportunidade de “redenção” ao protagonista, enquanto se busca demonstrar os supostos excessos desse meio.
Porém, a única coisa que vemos é o reforço de um conceito estereotipado e que entra em contradição com os próprios fatos em que se baseia, já que a própria história de Tatum, de certa maneira, nos lembra que existe aí algum preconceito.
E o filme ao invés de repeli-lo o envolve pela cintura e faz com ele um número de sexo encenado. Afinal, para Hollywood, assim como nas casas de strip-tease o que importa é voltar para a coxia com a cueca recheada de trocados

Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Reid Carolin
Elenco: Channing Tatum, Alex Pettyfer, Matthew McConaughey, Olivia Munn, Cody Horn, Reid Carolin, Joe Manganiello, Matt Bomer, Adam Rodriguez, Kevin Nash, Gabriel Iglesias  e outros.
Diretor de Fotografia: Steven Soderbergh (como Peter Andrews)
Edição: Steven Soderbergh (como Mary Ann Bernard)
Duração: 110 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 02 de novembro de 2012