quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Crítica -O Homem da Máfia

Por Alex Constantino



O terceiro filme de Andrew Dominik (O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford) abre com Frankie (Scoot McNairy) caminhando enquanto ouvimos trechos de um discurso de Obama, entrecortado com as inserções abruptas dos créditos iniciais, sempre anunciadas por um incômodo barulho.
Ao encontrar com Russel (Ben Mendelsohn) somos levados ao grande prólogo que mostra o assalto cometido pelos dois à uma casa de carteado administrada por Markie (Ray Liotta).
Frankie acabou de sair da prisão e sua situação econômica está precária, portanto, não tem como recusar a proposta do Esquilo (Vincent Curatola) que narra a história de como Markie roubou a próprio esquema de jogatina e conseguiu sair ileso. Como ele passou a se gabar de seu feito, um novo assalto ao local faria com que todas as suspeitas recaíssem sobre o administrador da casa e, com a punição dele, os verdadeiros assaltantes não seriam descobertos.
Parecia o plano perfeito, mas ainda que o roubo tenha sido bem sucedido, a participação do chapado Russell já prenunciava problemas. E é aí que entra Jackie (Brad Pitt), o responsável pela máfia do jogo em aplicar a lei do crime local e restabelecer a ordem.
Durante um período que corresponde ao final do segundo mandato de Bush e a eleição de Obama, acompanhamos Jackie na execução de seu serviço de localizar e dar cabo dos responsáveis pelo assalto.
Vários diálogos dos candidatos, assim como de Bush sobre a grande crise econômica que explodiu naquele país, fazem intromissões durante a história e, por vezes, se sobrepõem ao que está acontecendo em cena.
Ao apresentar os reflexos no mundo do crime de todos esses males que assolam os EUA o diretor cria uma alegoria para o mundo dos negócios, a política e a economia norte-americana.
A máfia é um grande negócio e é representada com uma estrutura corporativa. Uma empresa que sente o impacto da crise econômica ainda que se desenvolva à margem da lei.
Mais do que um filme de máfia ou uma história de crime, é um drama centrado nos personagens que dentro de seu universo demonstram que a crise vitima a todos. E a escolha do cenário desolado de New Orleans, destruído pelo desastre natural que assolou aquela cidade, exterioriza a própria desolação econômica e política do país.
O filme derrapa um pouco a partir da metade onde a mensagem implícita e alegórica cede lugar a um discurso cada vez mais explícito, chegando a soar panfletário na cena final.
No entanto, a  grande performance do elenco, capitaneado por Pitt, eleva o interessante trabalho de direção com cenas de violência brutal e sem redenção. Existem também cenas de humor negro como toda a sequência do “envio” da carga canina roubada a ser desovada na Flórida.
Ambos os momentos se complementam para ilustrar o cenário geral onde até os inclementes não passam de vítimas da grande inclemência do vilanesco sistema econômico mundial.

Direção: Andrew Dominik
Roteiro: Andrew Dominik
Elenco: Brad Pitt, Ray Liotta, Richard Jenkins, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Vincent Curatola, Trevor Long, Max Casella e outros.
Diretor de Fotografia: Greig Fraser
Edição: John Paul Horstmann e Brian A. Kates
Duração: 97 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 30 de novembro de 2012

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