quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Crítica - Argo

Por Alex Constantino



Em 1979, eclodiu no Irã uma revolução popular que culminou com o retorno ao país do aiatolá Ruhollah al-Khomeini após a fuga para os EUA do Xá da Pérsia, Reza Pahlevi, um implacável ditador que havia reinado desde 1953 com o apoio político-militar do Ocidente.
A vitória do povo sobre o exército do Xá, que era municiado e treinado pelos EUA, inflamou os brios nacionalistas e como o movimento foi orquestrado pelos fundamentalistas, isso marcou o renascimento do fundamentalismo islâmico  em toda a região.
A multidão furiosa, imbuída de confiança, ocupou os ruas de Teerã exigindo a extradição de Pahlevi para que fosse realizado o acerto de contas. Com isso, a embaixada dos Estados Unidos foi invadida por revolucionários iranianos e muitos funcionários norte-americanos foram feitos reféns para servirem como moeda de troca.
Porém, seis deles conseguiram escapar e se refugiaram clandestinamente na residência oficial do embaixador canadense. Suas vidas estavam em risco, assim como de seus anfitriões, pois não podiam contar com a “segurança” dos cativos diante da exposição mundial de sua condição,  que impedia que fossem alvo de atos de barbárie.
Marcando uma corrida contra o tempo e diante das condições precárias do caso, um agente especialista da CIA, Tony Mendez (Ben Affleck), foi convocado para resolver a situação, elaborando um plano ousado: criar um falso projeto cinematográfico canadense (que dá nome ao filme) e, com o pretexto de realizar uma pesquisa de locações, aproveitar o engodo para retirar os refugiados como parte da equipe da filmagem.
E com base nesse pano de fundo histórico, Ben Affleck, que também dirige a película, apresenta um drama muito bem orquestrado, que mantém uma fidelidade muito grande com sua contraparte verídica. É o que ele faz questão de mostrar nos créditos finais, como uma maneira de convencer o espectador de que a história  foi real e que a menção de que se baseia em fatos verídicos não é somente uma ferramenta de marketing do filme, como usualmente ocorre.
Obviamente, foram utilizados alguns artifícios narrativos para aumentar a dramaticidade e o interesse pela história, mas chama a atenção o cuidado tomado para que a obra, narrativa e visualmente, fosse a mais fiel possível.
O próprio estilo adotado tenta emular a época em que a história se passa, com direito a detalhes como a tipografia  dos créditos iniciais e o próprio logo da Warner Bros, estúdio que patrocinou a realização do filme.
Isso em relação à parte da trama que mostra os refugiados, já que a outra porção dela, que se concentra em mostrar a criação do engodo com o uso de profissionais da indústria do cinema, possui um tom cômico que destoa bastante da outra metade, ainda que apresente um humor inteligente e sarcástico em relação à própria Hollywood, humor este capitaneado pelas atuações competentes de John Goodman e Alan Arkin.  Aliás, merecem destaque as demais atuações com a película recheada de astros da TV apresentando que conseguem render melhor quando bem dirigidos.
Apesar disso, Ben Affleck se mostra um diretor seguro, que em grande parte do tempo oferece uma narrativa inventiva e competente, ainda que haja alguns exageros do roteiro, como ocorre no clímax com a desnecessária inclusão de uma complicação em relação às passagens áreas, como se toda o desenrolar da trama já não fosse angustiante o bastante sem esse elemento equivocado.
Esse novo trabalho deixa evidente do porquê que a Warner Bros tem abrigado com boa vontade e entusiasmo os projetos do jovem cineasta e vem cogitando fortemente colocar nas mãos de Affleck projetos comerciais muito importantes do estúdio com o vindouro filme da Liga da Justiça. Especulações à parte, ele que já foi o Superman em Hollywoodland e o Demolidor no cinema demonstra mais uma vez que é muito mais forte quando está despido de sua fantasia de ator.

Direção: Ben Affleck
Roteiro: Chris Terrio
Elenco: Ben Affleck, Bryan Craston, Alan Arkin, John Goodman, Victor Garber, Tate Donovan, Clea Duvall, Scoot McNairy, Rory Cochrane, Christopher Denham, Kerry Bishé, Kyle Chandler, Chris Messina, Zeljko Ivanek, Titus Welliver e outros.
Diretor de Fotografia: Rodrigo Pietro
Edição: William Goldenberg
Trilha Sonora: Alexandre Desplat
Duração: 120 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 9 de novembro de 2012

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