quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Crítica - As Palavras

Por Alex Constantino



Bradley Cooper parece ter tomado gosto de personificar uma figura artística de talento discutível que se vale de outros subterfúgios para ganhar algum reconhecimento.
Não, não é uma crítica à qualidade da sua atuação, embora, estranhamente, faça algum sentido entendida dessa forma.
O que chama a atenção é seu interesse em reprisar o papel de um escritor atormentado pela constatação de que não possui as qualidades necessárias para viver de sua escrita, mas que acaba topando com uma solução externa que lhe permite viver seu sonho por um breve período até se transformar no pesadelo de conviver com sua farsa.
Em Sem Limites o auxílio vinha através de uma droga experimental que permitia ao personagem usar 100% de seu cérebro e, magicamente, transformar toda a informação coletada em conhecimento, uma habilidade que despertou o interesse em utilizá-lo como ferramenta para fazer bilhões no mundo corporativo.
Em As Palavras, Rory Jansen (Bradley Cooper) consegue a incrível façanha de ser laureado como um escrito promissor já em seu primeiro romance. Ele desfruta do sucesso comercial e de crítica, mas há um problema: o livro não foi escrito por ele.
E a situação fica mais complicada quando a única pessoa que sabe de seu engodo vem ao seu encontro: o verdadeiro autor.
Num drama apresentado em camadas acompanhamos a própria vida de Rory, antes e depois do sucesso, assim como a história contada em seu livro que é repetida e ampliada pelo velho sem nome (Jeremy Irons) que revela que se trata de seu próprio passado.
Enquanto isso, ambas as histórias, na verdade, fazem parte de um livro que é narrado por Clay Hammond (Dennis Quaid).
Confuso? Nem tanto. E esse resumo faz parecer que a história é mais refinada do que ela realmente é. Não se enganem, é um drama linear que intercala cenas dos três eixos narrativos e que tenta estabelecer alguma relação entre eles.
Houve a preocupação em distinguir visualmente cada uma das histórias, em especial aquela que se passa durante o período da 2ª Guerra Mundial, usando uma granularidade diferente e a indefectível saturação da cor para remeter a algo envelhecido.
Porém, não se pode dizer que haja qualquer surpresa ou originalidade visual ou narrativa. Não há nada que incomode (muito), mas também há pouco com o que se encantar, a não ser a ótima atuação de Irons.
Existe até uma moral embutida que repercute negativamente no personagem interna e externamente, eis que fica se remoendo em remorso enquanto sua relação afetiva com Dora (Zoe Saldana) é estremecida.  Apesar disso, está longe de ser um filme impactante, assim como a suposta grande revelação final.

Direção: Brian Klugman e Lee Sternthal
Roteiro: Brian Klugman e Lee Sternthal
Elenco: Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dennis Quaid, Olivia Wilde, Jeremy Irons, John Hannah, J.K. Simmons, Ron Rifkin, Ben Barnes, Nora Arnezeder, Zeljko Ivanek e outros.
Diretor de Fotografia: Antonio Calvache
Edição: Leslie Jones
Trilha Sonora: Marcelo Zarvos
Duração: 97 min
País: USA
Ano: 2012
Gênero: Drama
Previsão de Lançamento: 23 de novembro de 2012

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