terça-feira, 14 de agosto de 2012

Crítica - O Monge


Por Alex Constantino




Baseado no romance gótico de mesmo nome, lançado pelo inglês Matthew Gregory Lewis, em 1796, o filme narra a ascensão e queda de um monge.
Em 1580, um bebê é deixado às portas de um monastério capuchinho nos arredores de Madri. A criança é adotada pelos monges e recebe o nome de Ambrósio (Vincent Cassel).
Desde cedo demonstra sua vocação religiosa e, ao completar seu trigésimo aniversário, Ambrósio se junta à ordem que o criou e se torna um modelo de virtude e retidão para seus companheiros e para a população que vem prestigiar seus inspirados sermões.
Crente de que seja imune à tentação, o monge tem suas qualidades e devoção desafiadas com a chegada de um misterioso noviço que esconde seu rosto desfigurado sob uma máscara.
A partir de então acompanhamos a queda de Ambrósio, que trava uma árdua luta entre sua disciplina religiosa e o desejo reprimido.
Essa dualidade é reforçada por outros elementos e personagens que destacam a ambiguidade da condição humana que tenta subjugar seus anseios egoístas por trás  de regras morais e sociais.
Temos a personagem casta e ingênua e sua contraparte insidiosa e sensual e, o interessante, é que ambas, à sua maneira, contribuem para levar o protagonista à sua perdição.
A apresentação de estereótipos católicos como demônios, procissões religiosas e madres superioras rigorosas reforçam não só a ambiguidade das pessoas como dos próprios valores em questão.
A fotografia compõe esse quadro alternando cenas entre a claridade fustigante do sol sobre o deserto com  a escuridão claustrofóbica e conspiratória dentro dos muros do mosteiro.
A opção por uma estrutura episódica (algumas vezes sem relação direta entre as cenas) e a transição entre elas escurecendo a tela acabam destoando um pouco dessa proposta, ainda que, talvez, tenham sido pensadas para destacar a estranheza dessa fantasia gótica.
As reviravoltas também não surpreendem e talvez a falha não seja da trama, mas de uma melhor decupagem da história em cenas com menos diálogos expositivos e pistas e recompensas tão óbvias, como aquela envolvendo a estranha cicatriz de nascença do protagonista.
O filme está longe de causar o furor e inspiração da obra original quando foi lançada, mas, apesar disso, não será pecado algum se você cair na tentação e se entreter com ele.


Direção: Dominik Moll
Roteiro: Dominik Moll e Anne-Louise Trividic
Elenco: Vincent Cassel, Déborah François, Joséphine Japy, Sergi López, Catherine Mouchet, Jordi Dauder, Geraldine Chaplin e outros.
Direção de Fotografia: Patrick Blossier
Edição: François Gédigier e Sylvie Lager
Trilha Sonora: Alberto Iglesias
Duração: 101 min
País: França/Espanha
Ano: 2011
Gênero: Thriller

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