domingo, 12 de agosto de 2012

Crítica - Intocáveis


Por Alex Constantino



Um dos paradigmas da filosofia hermética é o princípio da polaridade que diz que tudo é duplo. Tudo tem polos; tudo tem o seu oposto. Para ele o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza mas diferentes em grau.
E é exatamente sobre essa falsa aparência de inconciliabilidade que trata o filme Intocáveis, escalado para abrir o Festival Varilux de Cinema Francês de 2012.
Philippe (François Cluzet) é um culto e abastado aristocrata que vive confinado em sua mansão devido a um acidente com paraquedas que o deixou tetraplégico.
Por conta de seu gênio irascível, quando vai contratar seu novo enfermeiro acaba encontrando Driss (Omar Sy), um jovem ex-presidiário que não possui qualquer aptidão para a função, mas que chama a atenção de Philippe por também possuir uma personalidade muito forte.
A partir daí acompanhamos o nascimento de uma improvável amizade entre personagens de mundos muito diferentes e aparentemente inconciliáveis.
E é interessante notar que enquanto os elementos exteriores reforçam as diferenças entre os protagonistas (rico e pobre, combalido e saudável, contemplativo e impulsivo, apreciador de Vivaldi e fã de Earth, Wind and Fire), à medida que vão se conhecendo estes homens percebem que em sua natureza são bem semelhantes, moldados principalmente por suas tragédias pessoais.
Ambos estão confinados por sua frágil condição emocional, inclusive Philippe que se ressente mais pela perda anterior da esposa do que por sua limitação locomotora, e isso os afasta de um convívio familiar ou romântico saudável.
A partir do momento que tomam conhecimento, ainda que instintivamente da falsidade dessas diferenças, conseguem não só se entender como se influenciarem, agindo um como agente de transformação do outro, ainda que haja uma mudança mais acentuada em Philipp, como se o filme fosse uma espécie de Rain Man às avessas.
Por falar no Filme estrelado por Tom Cruise e Dustin Hoffman, é interessante perceber, e não sei se foi intencional ou não, como em certos planos há uma grande semelhança física entre o ator François Cluzet e Dustin Hoffman.
Merece um destaque a sinergia entre os atores que colabora  para que olhemos com simpatia para a amizade crescente entre os personagens. E assim como eles, conseguimos nos imaginar por um momento despidos de nossas máscaras sociais e vemos com os personagens que  os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.

Direção: Eric Toledano e Olivier Nakache
Roteiro: Eric Toledano e Olivier Nakache
Elenco: Fraçois Cluzet, Omar Sy, Anne Le Ny, Audrey Fleurot, Clotilde Mollet e outros.
Direção de Fotografia: Mathieu Vadepied
Edição: Dorian Rigal-Ansous
Trilha Sonora: Ludovico Einaudi
Duração: 112 min
País: França
Ano: 2011
Gênero: Drama

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