sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Crítica - Os Candidatos

Por Alex Constantino



O congressista Cam Brady (Will Ferrell) está concorrendo ao quinto mandato consecutivo para representar seu distrito na Carolina do Norte. Porém, uma grande gafe pública, às vésperas da eleição, pode atrapalhar sua candidatura e, principalmente, os interesses dos poderosos irmãos Motch (John Lithgow e Dan Aykroyd) que pretendem transformar o distrito em sua central de manufatura chinesa com mão-de-obra barata e, desta vez, sem o inconveniente dos custos com frete para transportar mercadorias da China.
Assim,  os inescrupulosos lobistas escolhem Marty Huggins (Zach Galifianakis), o inocente diretor do Centro de Turismo local, para representar seus interesses e, com a ajuda de Tim Wattley (Dylan McDermott), seu arrojado gerente de campanha, inicia-se uma acirrada disputa em que os candidatos mergulham cada vez mais fundo nas baixarias que fazem parte do circo político.
O diretor Jay Roach (Entrando numa Fria, série Austin Powers) que já havia criticado o sistema político americano através dos dramas da HBO “Recount” e “Game Change”, desta vez, resolveu abordar o tema sobre o nível ético das campanhas eleitorais sob um viés cômico, que o permitiu confrontar a questão de forma direta, ainda que elevando situações corriqueiras que presenciamos no espetáculo eleitoral a um  alto nível de absurdo.
Segundo os produtores a intenção era apresentar uma crítica que não se foca nos políticos e, sim, no processo, destacando o fato de que muitas das campanhas tem pouca relação com os partidos, problemas ou ideologias,  e mais com gastar, brigar e vencer.
Apesar disso, soa estranho que a intenção seja se concentrar na situação, mas tenham exagerado na dose de absurdo na caracterização dos personagens, ainda mais ao colocar Will Ferrell e Zach Galifianakis para interpretar seus tipos costumeiros.
Sim, está ficando repetitivo mencionar que os comediantes estão se especializando em representar um mesmo personagem em todos os seus filmes, assim como comentado em relação a Vizinhos Imediatos de 3º Grau e Hotel Transilvânia. Bem, esta falta de originalidade repete no texto a própria falta de versatilidade dos comediantes americanos.
E é interessante como isso compromete o discurso proposto pelo filme, pois assim como na maioria das comédias e comediantes provenientes do Saturday Night Live, há uma transferência para  a grande tela do mesmo humor precário e esquemático.
Basta constatar que a história foi criada a partir de uma ideia do produtor Adam McKay, conhecido pelo programa humorístico mencionado acima, onde colaborou com Ferrell durante anos, escrevendo muitas das esquetes para Will como George Bush e para Darrell Hammond como Bill Clinton.
Portanto, é uma colagem de esquetes fantasiadas bem porcamente com farrapos de uma trama para dar a impressão de conter uma história.
Não que o filme não tenha situações engraçadas, principalmente porque sabendo antecipadamente da classificação que o filme obteria, não houve a preocupação de restringir o limite das piadas.
E a graça está também no fato de que, apesar dos absurdos, nós conseguimos identificar uma boa parte do que se encontra ali com sua contraparte nas campanhas eleitorais reais, ainda que isso seja mais mérito do espectador ao fazer essa relação do que uma qualidade do filme.
Porém, pensando melhor,  para nós brasileiros, fica difícil nos impressionarmos com a comédia, porque temos uma rica tradição cômica na política nacional. Os slogans absurdos dos candidatos do filme soam pálidos e sem graça quando lembramos do conhecido bordão: “rouba mas faz”.
Vamos valorizar o horário político: o pior da política e o melhor da comédia nacional. O absurdo da vida real, oferecido ao povo de graça e com classificação livre. Isso sim é arrojado.

Direção: Jay Roach
Roteiro: Chris Henchy e Shawn Harwell
Elenco: Will Ferrell, Zach Galifianakis, Jason Sudeikis, Dylan McDermott, Katherine LaNasa, Sarah Baker, John Lithgow, Dan Aykroyd, Brian Cox, Karen Maruyama  e outros.
Diretor de Fotografia: Jim Denault
Edição: Craig Alpert e Jon Poll
Trilha Sonora: Theodore Shapiro
Duração: 85 min
País: EUA
Ano: 2012
Gênero: Comédia
Previsão de Lançamento: 19 de outubro de 2012

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