domingo, 13 de novembro de 2011

A Consulta





Ele queria mudar de vida e nada como uma segunda feira para começar as novas mudanças.

No fim de semana nenhum cigarro. Recorde. Lembrou do gosto do alface e até arriscou a fazer um arroz. Se sentia bem.

Na sexta tomou o último café, ali naquela vendinha perto do ponto. Sentiu um pouco de dor de canto quando andava. Corria. Depois que saiu da consulta.
Na consulta... isso fica para depois.
Antes de chegar para a tal consulta, encontrou com a Mariana. Estava linda, mais até que na época do colégio. Quase que ela não o reconheceu. Estragou um pouco o reencontro, é claro. Mas, simpatia nele não faltava. Ela até disse que o adicionaria no facebook. Lucro.
Em casa enquanto se trocava, via a tv aquelas notícias da manhã. Policia no morro daqui, corrupção dali, Corinthians líder. Político com slogans novos e blá blá blá.
Ao se levantar da cama acendeu o cigarro. Ligou o computador. Sim, PC. Olhou o e-mail, lembrou da consulta e tomou um café.

A consulta, deixava ele nervoso. Ainda teve que esperar. Na “sala de espera” com a cortina branca na janela e parede pintada de vermelho, o que dava um clima estranho e abafado, ainda mais com toda aquela fumaça de vela e de cigarro de palha. Ao lado dele um velha, pelo menos foi o que ele pensou, já que a mulher parecia ter uns cento e cinquenta anos. Tentou puxar conversa, perguntou se a criança que ela carregava era seu neto. Seca, disse - tatara. E foi só.
Chamaram ele pelo nome. Levantou e foi.
A benzedeira, parecia até mais velha que a outra, tinha até pouco cabelo.
Perguntou como estava a sua vó. Disse que morreu. Depois perguntou da mãe. Disse que morreu. Se ele tinha filhos. Riu e balançou a cabeça nem que sim nem que não.
A benzedeira desembestou a rezar. Daí ele se lembrou porque não tinha voltado ali desde criança. Era a vontade de rir nessas horas que o tinha impedido.
Ela parou de rezar. Olhou bem sério nos olhos dele e disse:
...
Ele então, finalmente decidiu mudar de vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário