domingo, 17 de julho de 2011

Apareceu


Beduíno.
Chimpanzé.
Urugutango.
Meu, não é urugutango, é orangutangu, até parece que você
não sabe.
Ta bom, não fica nervoso, vamu continuá.
Gorila.
Ah cansei! Não quero mais falá disso, eu estou nervoso.
O que aconteceu?
Não quero falá.
O que aconteceu?
Não vou falá.
Tá bom, não fala.
Apareceu...
Apareceu o quê?
Apareceu, ué.
Não acredito, quando?
Não sei, ontem sei lá... talvez anteontem...
Não fique assim, cedo ou tarde isso iria acontecer, pelo menos
agora você não precisa mais se preocupá com isso.
É fácil falá, agora aparece um, depois outro e aí?
Aí você fica sem.
É...
Vamu continuá.
Não.
Então vai a merda!
Vai você.

...

Vamu, vamu, abriu a estação.
Moça me ajuda, me dá um real pra eu comprá um pão e um
café...
Moço me ajuda...
Senhor...
Moço...
Moça...
Não vai dar certo é quase meio dia, tô com fome.
E agora que apareceu, é pior ainda.
Pior o quê?
Tá mais frio né?
É.
Agora é você que tá bravo?
É.

...


Duas da tarde.
Três.
E por aí vai.
Uma noite no barraco improvisado.


Vai a merda!
Vai você.
Apareceu outro.
Problema seu, se acostume.
Você não sabe o quanto é ruim.
Não. Imagina, não sei, não sei...
É isso mêmo.

...

Chove.
Chove.
Chove.

No meio da madrugada.

Ó! Ó!
Acorda eu tenho que te falá que eu não tenho, que não
aparece mais furo na minha cueca, porque ela já não existe
mais, não existe mais.
Como?
Não existe e ponto, e pega essa comida que o cachorro não
qué mais, se não você não acorda amanhã.

...

Olho aberto.

...

Fome.

...

Amanhece.

Moço...
Senhor...
Mais um furo.
Moça...

Nenhum comentário:

Postar um comentário