Tocou a
campainha, a princípio estranhei, já era um pouco tarde e ninguém
costuma me visitar assim, tarde.
Tocou de
novo, então abri a porta.
Existem
portas que não se devem abrir, a não ser que se saiba exatamente,
exatamente, a hora de fechar, enfim...
Nessa hora
você entra na coisa toda, você, sua calça jeans, sua camiseta
branca...
Bem, entra.
- disse eu. Tinha outra coisa pra dizer, tinha?
Até agora
me pergunto, porquê você me pediu alguma coisa pra beber, e sentou
não cruzando as pernas na almofada do chão, no meio da sala?
Eu deveria
já saber, entender algumas coisas, mas não. Me fiz de ignorante...
você gostou da bebida, da garrafa, reclamou que não tinha
ventilador, ar condicionado, deu seu show, filosofou sobre efeito
estufa, capitalismo, blá blá blá...Me beijou e se desculpou.
Você sabia
o que fazia.
Me abraçou,
você sabe como sou, me pediu ajuda, sabia como reagiria, perdeu o
controle do seu show, mesmo depois que fui sua única plateia... por
ter sido a única.
Você nem
mais sabia dizer coisa com coisa. Eu? Eu já não queria saber, a
noite só terminaria quando o dia tocasse a campainha.
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